O PSD pode ganhar

É ao centro que se ganham as eleições. As maiorias absolutas de Cavaco Silva ocorreram porque o PSD, para além do centro e da direita, entrou pelo centro-esquerda. 

Há funcionários públicos, como eleitores, em todos os partidos, incluindo o PSD e o CDS/PP. Cavaco Silva teve muitos milhares de votos dos funcionários. Foi o seu Governo que criou o novo regime remuneratório da Função Pública, que mereceu na altura muitas críticas do seu ministro das Finanças, Miguel Cadilhe. E a maioria absoluta de Sócrates ocorreu porque o PS, para além da esquerda democrática, também entrou bastante pelo centro.

Rui Rio já elogiou Passos Coelho, e reconheceu o tremendo trabalho feito pela coligação PSD/CDS em resgatar o país da bancarrota. Mas tem de recuperar os 700 mil eleitores que votaram no PSD e no CDS/PP em 2011 e não votaram em 2105. 

Rio já disse que só o PSD pode ser alternativa ao Partido Socialista e que tudo fará para ganhar as três eleições em 2019. À saída do Conselho Nacional, afirmou: «Neste momento, já é claro que o PS pode perder as próximas eleições, o que ainda não é claro é que o PSD as possa ganhar. Isso é o que nós temos que fazer, é essa a tarefa que temos pela frente. Metade está feita, o PS pode perder, agora nós temos que construir a possibilidade de a ganhar. E espero que a partir de agora remem todos no mesmo sentido para ver se o PSD recupera».

Os portugueses começam a sentir que a ‘geringonça’ foi um logro e que não só não estagnámos como andámos para trás. Temos sido ultrapassados por outros países do Euro e da União Europeia que eram mais pobres do que nós e vieram de ex-regimes comunistas.

Já só falta o rendimento per capita, em paridade do poder de compra, da Eslováquia, Grécia e Letónia ultrapassarem o de Portugal, para sermos os mais pobres da Zona Euro. É o resultado do ‘socialismo à portuguesa’.
Portugal convergiu com a Europa entre 1986 e 1997, nos governos de Cavaco Silva, depois divergimos e a partir do Euro passámos a não ter crescimento económico. 

O Partido Socialista governou desde 1995, deixou o país de tanga em 2001 e uma bancarrota em 2011. 
No intervalo, a coligação PSD/CDS teve de governar em austeridade para pôr as contas públicas em ordem, com Durão Barroso/Paulo Portas, e de resgatar o Estado da bancarrota entre 2011 e 2015, com Passos Coelho/Paulo Portas.

Não tenho nenhuma dúvida de que, se Passos Coelho e Paulo Portas têm continuado a governar, Portugal estaria muito melhor.

Mas Passos e Portas já não são presidentes do PSD e do CDS/PP. Uma das vantagens dos grandes partidos é substituírem as lideranças de tempos a tempos, podendo recuperar eleitorado que estava descontente com a liderança anterior. Considero correta a estratégia que Rui Rio está a seguir – e, como não esteve no Governo anterior, tem mais facilidade de recuperar parte dos tais 700 mil eleitores que votaram PSD e CDS/PP em 2011 e não votaram em 2015.

A regeneração do regime só pode ser feita pelos atuais partidos e pelos que se venham a formar, pois a alternativa só poderia ser outro 25 de Abril, que implantasse outro regime, o que não me parece de todo viável. Dito isto, tem de ser a sociedade civil a forçar os partidos a regenerarem o regime.

As pessoas do centro e da direita que queiram fazer política e influenciar o poder podem escolher entre os partidos existentes (PSD e CDS) aquele com que se identificam mais – e, depois, trabalharem para acabar com os defeitos que se atribuem aos partidos – ou então apoiarem os novos partidos que aparecem à direita (Aliança, Iniciativa Liberal e Democracia 21), o que é positivo, pois aumenta a oferta, captando eleitorado que de outro modo não iria votar.

Os mais velhos, por norma, votam – e a maioria vota no PS, no PCP e no BE. Os mais novos quase não votam – e escolhem o PSD, o CDS, o BE e o PS. A esquerda e a extrema-esquerda são mais militantes, pelo que todos tendem a votar; as pessoas do centro e da direita desmobilizam mais facilmente. 

A grande batalha dos novos partidos da direita é, pois, conseguir que os jovens passem a também a ir votar, já que, de outro modo, entregarão aos mais velhos a decisão sobre o seu futuro! 

A redução da abstenção, que está em níveis elevadíssimos, levará o centro e a direita a crescerem. 
Mas, para isso acontecer, é fundamental que se facilite a maneira de votar, usando as novas tecnologias. Se muitas obrigações fiscais já se podem fazer pela internet no Portal das Finanças, por que não se poderá usar a internet para votar?

Considero que o PS pode perder as europeias e as legislativas. A sondagem da Aximage já prevê essa possibilidade. Mesmo considerando que quem diz ‘não sabe/não responde’ se abstém, o que é duvidoso, como a margem de erro é de 4%, o PS pode ter 30,1% e o PSD 33,1%.

 

Por: Luís Jacques