Durão Barroso assegurou nunca ter sofrido pressão por parte da EDP, em resposta à comissão parlamentar de inquérito ao pagamento de rendas excessivas aos produtores de eletricidade, ao qual a Lusa teve acesso. Entre os visados, Barroso é o único ex-chefe de executivo que respondeu ao inquérito até ao momento. "Nunca recebi qualquer 'pressão' da EDP durante esse ou outro período", garantiu.
Quando questionado pelos deputados da comissão de inquérito acerca do testemunho de João Talone, antigo presidente da companhia elétrica, que afirmou que "a EDP esteve fortemente envolvida" no delineamento dos Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC), Barroso salientou a normalidade dessa prática num processo do género.
"Parece-me absolutamente normal (o contrário é que seria de estranhar) o envolvimento nesse processo de todos os principais 'players', sobretudo aqueles ligados ao interesse do Estado", disse Barroso, que recusou fazer um balanço dos CMEC, afimando não ter capacidade técnica para tal, garantindo apenas ter definido as orientações políticas do plano enquanto primeiro-ministro.
Segundo um relatório preliminar da comissão de inquérito às rendas excessivas, revelado esta semana pela RTP1, as rendas excessivas da energia terão sido uma opção política dos governos dos últimos 20 anos para levar à privatização da EDP, sendo responsabilizados vários governos, de Durão Barroso a José Socrates.