Debates, petições e conversas com o Governo são algumas das muitas tentativas já levadas a cabo, não só pelos autarcas locais, como pelos frequentadores do IP3 e pelas associações dos vários concelhos, para que as obras naquela via avancem e se reduzam as mortes.
«Tudo o que leve a encontrar uma solução para que a intervenção de fundo no IP3 arranque o mais depressa possível merece o meu apoio», frisa o Presidente da Câmara Municipal de Viseu, Almeida Henriques, acrescentando que «o tempo da discussão e debate já vai longo» e, nesse sentido, «é imperioso fechar a solução e iniciar a intervenção».
As obras, defendidas há anos, fazem também parte das lutas diárias do Presidente da Câmara Municipal de Tondela, José António Jesus. Estas petições, que agora chegam ao Parlamento, vão ao encontro da pretensão do município. «Há muito que defendemos a necessidade de serem levadas a cabo obras urgentes no IP3, já que ao longo de anos têm ocorrido sinistros graves nesta via, nomeadamente ao longo dos cerca de 20 quilómetros que atravessam o concelho de Tondela», disse ao SOL o autarca. «Perante a impossibilidade de existir uma solução de raiz não portajada, apontámos como mais racional que se assumisse uma intervenção global neste itinerário, eliminando a grave sinistralidade, com a colocação de separadores centrais e garantia da existência de duas faixas em cada sentido», acrescenta.
Apesar de receber com satisfação a notícia de que o assunto IP3 voltará a ser tema do dia na próxima semana, Almeida Henriques não se mostra muito otimista em relação ao assunto. «Sinceramente não estou muito otimista quanto ao resultado destas petições, pois em cinco anos já foram anunciadas várias medidas e o certo é que ainda nenhuma delas saiu do papel», acusa o autarca viseense que, ainda assim, diz ser «mais um passo para que o assunto não saia da ordem do dia. Mais: há bem pouco tempo defendi um pacto de regime que salvaguardasse as obras no IP3, independentemente de quem estivesse a governar», relembra.
É necessário serem estudados outros cenários
O Presidente da Câmara de Tondela relembra que foi anunciado e garantido que o IP3 terá duas vias em cada sentido em 85% do troço e três faixas em 12%, bem como o tão pedido separador central. «Não é a solução ideal, mas é a solução possível no quadro em que vivemos e que esperamos que se realize com a maior brevidade possível», diz.
E relembra: «Mas, também não deve ser esquecido o troço Penacova- Lagoa Azul, que não ficará em perfil de autoestrada, mas que deverá ser tido em conta numa segunda fase das obras. Razão pela qual defendo que, enquanto decorrer esta intervenção, se estudem cenários alternativos para que esse troço possa ter, também, solução em autoestrada».
‘Estrada não cumpre condições de segurança’
O importante, destaca José António Jesus, é que se execute o que está previsto para que se possa devolver «dignidade a uma estrada que há muito não cumpre as condições de segurança e comodidade a que os utentes têm direito», defende.
«É de extrema importância que os prazos acordados para esta obra sejam respeitados e que, acima de tudo, se mantenha este acordo para além do ciclo eleitoral, com o próximo Governo a manter esta estratégia», conclui.
O SOL tentou ainda saber quais as reações do Presidente da Câmara de Coimbra, concelho também servido pelo IP3, mas não conseguiu obter resposta de Manuel Machado até à hora de fecho desta edição.
Obras já foram anunciadas
Recorde-se que depois de muitas lutas e muitas promessas, o Primeiro-Ministro António Costa e o ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, estiveram no IP3, em janeiro, para assinar o contrato de empreitada da primeira fase de intervenção na via que liga os distritos de Viseu e Coimbra. Já ano ano passado António Costa tinha prometido dar andamento às obras nesta via. Na altura, o primeiro-ministro falou de escolhas. «Esta é uma obra central para reforçar a coesão interna da região da Centro, mas também para melhorar a competitividade», disse. «Quando estamos a decidir fazer esta obra, estamos a decidir não fazer evoluções nas carreiras ou vencimentos».
Já este ano, na assinatura do contrato de requalificação, António Costa assegurou que a intervenção teria lugar dentro «de poucas semanas ou meses».
O investimento para esta via é de 11,8 milhões de euros e terá um prazo de execução de 330 dias, o que corresponde a aproximadamente 11 meses.
Na mesma ocasião, o ministro do Planeamento e Infraestruturas explicou que as obras vão decorrer nos troços onde há mais necessidade e onde a estrada apresenta mais inseguranças.
O Governo espera ainda este ano preparar o projeto para a segunda fase de requalificação.
Ao SOL, Álvaro Miranda, da Associação de Utentes e Sobreviventes do IP3 avançou que, depois de uma reunião com as Infraestruturas de Portugal realizada no mês passado, foi-lhes garantido que falta apenas o aval do Tribunal de Contas para que as obras de requalificação possam ter início ainda este mês.
Em maio de 2018, Pedro Marques tinha avançando um prazo de três a quatro anos para a requalificação desta estrada. Um ano depois, estarão então quase a sair do papel.
O ministro prometeu ainda não transformar o IP3 numa autoestrada com portagens. «É compromisso do Governo», disse na altura.