Os quatro maiores bancos a operarem no mercado português – BCP, BPI, Santander Totta e Caixa Geral de Depósitos – lucraram 466,3 milhões nos três primeiros meses do ano. Dividindo este resultado pelos 90 dias dá um lucro diário de quase 5,2 milhões de euros por dia. Mas este bolo poderá ser maior se juntarmos bancos de menor dimensão, como o Montepio ou o Crédito Agrícola, que ainda não apresentaram resultados.
O BCP foi agora o campeão dos resultados, ao registar lucros de 153,8 milhões de euros no 1.º trimestre. Este resultado deve-se, em parte, ao contributo da atividade em Portugal, que mais do que duplicou face aos primeiros três meses de 2018, alcançando 94,3 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano. Também a atividade internacional cresceu 12,1%, de 41,1 milhões de euros no primeiro trimestre de 2018 para 46,1 milhões de euros no mesmo período de 2019, com destaque para o contributo da subsidiária em Moçambique e do Banco Millennium Atlântico em Angola.
É preciso recuar a 2007 para encontrar um primeiro trimestre com lucros mais elevados para a instituição financeira liderada por Miguel Maya, altura em que alcançou 191,3 milhões de euros.
Logo a seguir aparece o Santander Totta, com lucros de 137,3 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, um aumento de 5,2% face a igual período do ano passado. Um resultado que levou o CEO da instituição financeira a revelar que Portugal é o único país da Europa onde o grupo Santander vê crescer os lucros. «É um grande orgulho para o banco e para o nosso país ter uma filial de um grande banco mundial ter resultados desta qualidade», disse Pedro Castro e Almeida na apresentação de resultados.
Caixa mantém-se no verde
O aumento das comissões, a redução da estrutura e, acima de tudo, a venda de um edifício em Lisboa ditaram os resultados da Caixa Geral de Depósitos (CGD) que, no primeiro trimestre, apresentou lucros de 126,1 milhões de euros. Trata-se de um aumento de 85% face aos 68 milhões de euros registados em igual período do ano passado e acaba por refletir a implementação do plano estratégico que tem vindo a ser levado a cabo pelo banco público.
Durante este período, a venda de um edifício na Rua do Ouro, permitiu uma encaixe de 36 milhões de euros, decorrente da mais-valia de 50 milhões de euros. O processo de alienação do imóvel da baixa pombalina arrancou há cerca de um ano e, no entender do presidente executiva da CGD, teve um «desenlace positivo». O comprador foi o grupo de hotéis Sana, que já no ano passado tinha adquirido um quarteirão na mesma rua a outro banco, o Millennium BCP.
A atividade doméstica também foi favorável:apresentou lucros de 86 milhões de euros, enquanto a atividade internacional teve um peso de 40 milhões de euros.
Mais modestos
A contrariar esta tendência está o BPI, mas ainda assim mantendo resultados positivos. O banco registou uma quebra de 60% nos lucros nos primeiros três meses do ano face a igual período do ano passado, cifrando-se em 49,2 milhões de euros. Na base deste resultado, segundo a instituição financeira liderada por Pablo Forero, está o lucro líquido da atividade registada em Portugal, que atingiu 45,5 milhões de euros, pesando em 92,5% do resultado consolidado. No primeiro trimestre do ano passado, o banco beneficiou de dois factos não recorrentes, a venda da participação na Viacer e reversões de imparidades de 11 milhões de euros, e sem estes efeitos as contas saíram agora penalizadas.
Comissões e redução de estrutura
A contribuir para estes resultados estiveram, mais uma vez, os aumentos das comissões e as reduções de estruturas, tanto em termos de balcões como de trabalhadores. Os quatro maiores bancos cobraram 442,8 milhões de euros só em comissões nos três primeiros meses do ano. O BCP também foi aqui recordista ao encaixar 166,6 milhões de euros. Ainda assim, representa uma redução de 0,7% face aos 167,8 milhões de euros registados em igual período do ano passado, condicionadas pela redução verificada na atividade internacional, nomeadamente na subsidiária na Polónia. Já na atividade em Portugal, as comissões cresceram 1,7% para 114,9 milhões de euros, impulsionadas pelo aumento das comissões bancárias.
Também a cair estiveram as comissões do BPI ao fixarem-se nos 60,4 milhões de euros no primeiro trimestre, uma redução de 8% face a igual período do ano passado. ou seja, menos 5,2 milhões de euros.
Já as comissões líquidas do Santander Totta totalizaram 95,6 milhões de euros, um aumento de 1,8%, resultado do «impacto positivo das comissões de crédito, meios de pagamento, fundos e seguros», enquanto os resultados de serviços e comissões cobradas pela Caixa Geral de Depósitos ultrapassaram os 120 milhões de euros, um crescimento de 5,5 milhões de euros (mais 4,8%), face a março de 2018.
A Caixa Geral de Depósitos, fruto do processo de recapitalização acordada em 2106, foi a que levou a cabo maiores cortes em termos de dimensão. A instituição financeira liderada por Paulo Macedo registou uma queda de 5% nos custos de estrutura, que totalizaram 278 milhões de euros. Só os custos com pessoal passaram de 203 milhões de euros nos três primeiros meses do ano passado para 189 milhões de euros no primeiro trimestre de 2019. A ideia é continuarem a cair. Para este ano, a Caixa prevê a saída de cerca de 570 trabalhadores: 380 através de reformas e pré-reformas e 290 por rescisão por mútuo acordo ou não renovação de contratos a termo. A CGD tinha no final de março 7.627 trabalhadores na operação em Portugal, menos 48 do que no final de 2018. Em relação aos balcões contava com 520, menos dois do que no final do ano passado.
Também o BPI sofreu uma redução de 75 trabalhadores quando comparado com igual período do ano passado. A instituição financeira liderada por Pablo Forero contava no final do março com 4.828 colabores. Já em relação ao número de agências sofreu uma redução de oito, totalizando agora 421 balcões.
Em contraciclo está o BCP que aumentou em 107 o seu número de trabalhadores – passou de 7.155 para 7.262 – resultado do reforço do quadro nas áreas digitais, daí ter subido os custos com pessoal para 97,1 milhões de euros. No entanto, a regra de cortar em balcões mantém-se. No espaço de um ano, a instituição financeira liderada por Miguel Maya fechou 39 balcões, totalizando agora 539.
O Santander Totta não ficou alheio a esta tendência e cortou com 400 trabalhadores face ao primeiro trimestre do ano passado. A instituição financeira liderada por Pedro Castro e Almeida conta agora com 6.391 trabalhadores e com menos 113 balcões, totalizando 551.