Conhecido por ser um feroz defensor de mudança de regime no Irão, Coreia do Norte e Venezuela pela via militar ou por operações secretas, John Bolton, de 70 anos e conselheiro de segurança nacional do Governo norte-americano, é um dos homens fortes do Presidente Donald Trump. O seu gabinete fica a poucos metros da Sala Oval e tem acesso ilimitado ao chefe de Estado, influenciando as suas decisões ao mais alto nível. É, a par de Mike Pompeo, secretário de Estado, uma figura chave no processo de decisão da política externa norte-americana.
Bolton começou a sua carreira política na Casa Branca na administração de George W. Bush como subsecretário de Estado para o Controlo de Armas e Assuntos de Segurança. Debruçou-se sobre a proliferação nuclear e apoiou uma série de mudanças na política externa dos EUA, como a retirada do apoio ao Tribunal Penal Internacional e o abandono do Tratado de Mísseis Antibalísticos, assinado com a então União Soviética em 1972. Ao mesmo tempo, Bolton defendeu junto de Bush a saída de uma série de acordos internacionais de controlo de armamento com inúmeros outros países e, em 2001, conseguiu travar uma conferência internacional sobre armas biológicas. Para Bolton, os tratados internacionais de controlo de armas de destruição massiva são um obstáculo à segurança dos EUA e ineficazes para impedir que outros Estados as desenvolvam. O hoje conselheiro de segurança nacional advoga uma forte política externa unilateral e o uso da força na cena internacional como algo normal.
Em 2005, Bush nomeou-o embaixador dos EUA nas Nações Unidas. A administração de então desvalorizava o multilateralismo e as Nações Unidas, como se comprovou com a invasão do Iraque, em 2003. Bolton foi um dos seus mais entusiastas, alinhando na narrativa de Saddam Hussein estar a desenvolver armas nucleares, que se veio a saber ser uma das mentiras mais flagrantes do nascente século XXI. Sobre a Coreia do Norte, Bolton defende que apenas uma mudança de regime pode impedi-la de desenvolver armas nucleares.
Bolton tem tido um papel de destaque no apoio norte-americano a Juan Guaidó, autoproclamado Presidente da Venezuela, contra o chefe de Estado venezuelano, Nicolás Maduro. O conselheiro defende uma abordagem agressiva, ora apoiando golpes de Estado ora até mesmo intervenções militares externas. Assim o é que depois da mais recente tentativa de golpe no país, a sexta desde Janeiro, Trump acusou-o de o querer «meter numa guerra» na América Latina, segundo o Washington Post.