Tratamento farmacológico para a obesidade ainda não está acessível a todos em Portugal

Em causa está o facto de esta terapêutica não ser comparticipada

Apesar das inovações, o tratamento farmacológico para a obesidade ainda não está acessível a todos em Portugal, alerta a Sociedade Portuguesa Para o Estudo da Obesidade (SPEO). Em causa está o facto de esta terapêutica não ser comparticipada, o que limita o acesso ao tratamento e à evolução positiva da doença.

“A obesidade é uma doença mais prevalente nas classes sociais mais desfavorecidas, em pessoas com menor escolaridade ou em situação de desemprego e, por estar associada a múltiplas outras doenças, como é o caso da diabetes, doenças cardiovasculares, respiratórias, ortopédicas e cancro, é urgente iniciar o seu tratamento de uma forma multidisciplinar. Além da necessária comparticipação do tratamento farmacológico é preciso também lembrar que a obesidade é uma doença crónica que precisa de uma abordagem multifactorial e multidisciplinar”, realçou a presidente da SPEO, Paula Freitas, num comunicado a que o SOL teve acesso.

A endocrinologista relembra ainda que é preciso combater o estigma que afeta as pessoas que sofrem desta doença.

 “O estigma e preconceito contra as pessoas que vivem com obesidade é uma ameaça à sua saúde, gera desigualdades e interfere com os esforços de intervenção nesta doença. A obesidade é muitas vezes vista pelos próprios doentes e pela sociedade apenas como consequência de um determinado estilo de vida, e como sendo apenas da responsabilidade do doente, o que acaba por desencorajar os doentes a procurar ajuda médica”, defende a especialista.

De acordo com um estudo da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), publicado este março deste ano, e citado pela SPEO, “no SNS encontra-se prevista uma abordagem integrada da obesidade, com articulação entre os diversos níveis de cuidados, que prevê a sinalização precoce e acompanhamento em consulta nos cuidados de saúde primários. Porém, a capacidade de resposta dos cuidados de saúde primários nesta área encontra-se diminuída pela constatada carência de nutricionistas nos ACES, 15 dos quais não dispunha de qualquer nutricionista, em 2016, com maior escassez relativa nos ACES da ARS de Lisboa e Vale do Tejo”, lê-se.

Estima-se que mais de 20% da população mundial será obesa em 2025 se nada for feito para travar esta evolução.

Em Portugal, há 1,4 milhões de pessoas obesas, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística – números que fazem com que sejamos um dos países com maior taxa de obesidade da União Europeia.

No Dia Nacional e Europeu de Luta Contra a Obesidade, a 18 de maio, a SPEO vai juntar-se à Associação Europeia para o Estudo da Obesidade (EASO) na campanha informativa “Juntos no Ataque à Obesidade”.