Por mais contas que possam fazer–se, Assunção Cristas e Nuno Melo são dois dos maiores derrotados nas eleições de ontem para o Parlamento Europeu em Portugal.
Com efeito, se o objetivo primeiro do CDS-PP para estas europeias era ficar à frente do BE e do PCP – e eleger um segundo eurodeputado –, a verdade é que o dia eleitoral acabou com os centristas a disputarem o quarto lugar entre as forças político-partidárias nacionais com os comunistas e elegeram apenas um eurodeputado.
“Ficamos àquem dos nossos objetivos”, reconheceu Assunção Cristas, que lamentou a “enorme abstenção” e a “polarização dos votos à direita”.
Ainda assim, as primeiras projeções de resultados caíram que nem um gigantesco balde de água gelada no Largo do Caldas, porque colocavam o CDS a disputar o quinbto lugar com o PAN.
Ainda por cima porque o CDS_tinha grandes expectativas à partida para estas eleições, há meses, como prova a escolha dos candidatos:_para número dois da lista encabeçada por Nuno Melo foi escolhido nem mais nem menos que um ex-ministro (da Segurança Social) e antigo líder parlamentar e da Juventude Popular, Luís Pedro Mota Soares.
Ou seja, os centristas olhavam para esta lista às europeias como sendo uma afirmação da confiança da direção no crescimento eleitoral do partido, sobretudo perspetivando uma fragilização do PSD sob a liderança de Rui Rio – tanto assim que os dois principais candidatos se incluíam entre os nomes mais falados como potenciais sucessores de Assunção Cristas numa futura liderança do CDS-PP.
Recorde-se que, há cinco anos – quando Pedro Passos Coelho chefiava o Governo e Paulo Portas, à época líder dos centristas, era vice-primeiro-ministro –, o CDS-PP_concorreu coligado com o PSD e ficou com um dos sete mandatos conquistados pela Aliança Portugal (precisamente Nuno Melo).
Ontem, a eleição apenas do cabeça de lista, Nuno Melo, traduziu-se, por isso, num resultado ainda mais frustrante.
De facto, o eurodeputado e recandidato Nuno Melo intensificou nos últimos dias da campanha eleitoral os apelos ao voto no único partido de direita em Portugal (“o CDS”) contra os avanços eleitorais das forças de esquerda como o BE.
E a confirmação de que os bloquistas ficaram bem à frente dos centristas na soma dos votos apurados, deixaram os centristas sem argumentos e sem alternativa ao reconhecimento da derrota eleitoral, como o fez Nuno Melo no discurso de balanço final no Largo do Caldas: “Sou uma pessoa que assume os resultados e não transforma derrotas em vitórias. Hoje, sofremos uma derrota”.