Apesar da forte contestação de alguns setores da Função Pública – sobretudo de professores e dos enfermeiros – da polémica das famílias no Governo e das críticas à campanha de Pedro Marques, o PS ganhou as eleições europeias e António Costa enterra o fantasma do “poucochinho”. À hora de fecho desta edição os resultados apontavam para uma votação acima dos 34%. Um resultado confortável para os socialistas que, com as legislativas no horizonte, não deixaram de aproveitar o impulso para deixar já alguns recados aos parceiros da geringonça.
Desde 1987, ano em que decorreram as primeiras europeias em Portugal, esta é a quarta vez que o partido que está no Governo ganha as eleições europeias. Em 1987 e em 1989 o PSD ganhou as europeias enquanto Cavaco Silva era primeiro-ministro. Também em 1999 o PS ganhou as europeias com António Guterres no Governo.
À hora de fecho desta edição, quando faltava apurar os resultados de 19 freguesias e 10 consulados, o PS tinha conseguido 33,52% de votação. Os socialistas cumprem, assim, a meta traçada por António Costa que pediu, em várias iniciativas de campanha, uma “vitória clara”. O partido subiu, pelo menos, 2,2 pontos percentuais face ao resultado que conseguiram nas últimas europeias, em 2014, que acabou por ditar, na altura, o fim do mandato de Seguro como secretário-geral do partido. Nessa altura, o PS conseguiu 31,4% de votação, mais 3,7 pontos percentuis que o PSD/CDS com António Costa a dizer que o resultado era “poucochinho” para o PS.
Ontem, assim que se conheceram as primeira projeções nas televisões, pelas 19 horas, os socialistas foram rápidos a cantar vitória, com o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, a ser o primeiro dirigente do partido a reagir reclamando uma “vitória inequívoca”.
Mais tarde, no Altis, com uma sala cheia de militantes falou ainda a secretária-geral adjunta socialista Ana Catarina Mendes para frisar que os resultados traduzem uma “clara vitória” para os socialistas e “uma derrota para a direita”.
Também Carlos César, presidente do PS, salientou a “grande vitória” que “dá razão ao empenhamento” do PS sendo uma derrota dos partidos da direita e “daqueles que dentro da Europa fazem política para a destruir”. À hora de fecho desta edição nem o cabeça-de-lista socialista, Pedro Marques, nem António Costa tinham feito o discurso de vitória.
Elogios a Pedro Marques À chegada ao Hotel Altis, em Lisboa, onde desde as 19h30 estava reunido o secretariado nacional do PS, António Costa teceu elogios a Pedro Marques. Para o primeiro-ministro, Pedro Marques é um “extraordinário candidato” e um “homem com uma grande tempera” que se “fartou de apanhar pancada”, sobretudo “da campanha muito suja que o PSD montou”.
Os resultados apontavam para a eleição entre oito a nove eurodeputados socialistas, sendo que à hora de fecho desta edição estavam já eleitos seis deputados para o Parlamento Europeu. É o caso do ex-ministro do Planeamento e Infraestruturas Pedro Marques, da ex-ministra da Presidência e Modernização Administrativa Maria Manuela, do eurodeputado e ex-ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, da ex-secretária de Estado dos Assuntos Europeus Margarida Marques e André Bradford, ex-líder parlamentar do PS no Governo Regional dos Açores. À hora de fecho da edição era quase certo que seriam ainda eleitos Sara Cerdas do PS Madeira, o eurodeputado Carlos Zorrinho e a deputada Isabel Santos.
Recados para a gerigonça
Durante a pré-campanha e a campanha oficial foram várias as vezes em que os socialistas tentaram colar as europeias às legislativas. Durante várias intervenções, António Costa fez balanços e recordou as medidas adotadas pelo Governo, frisando que “só com o PS é possível manter a governação no rumo certo”. Em jeito de apelo, o primeiro-ministro pediu o voto nas europeias como validação ao Governo.
Perante os resultados de ontem, o presidente do PS, Carlos César frisou que o partido ganhou “entusiasmo” e “energia” para disputar as legislativas, acreditanto numa vitória.
No entanto, Carlos César avisou o PCP e o Bloco de Esquerda que na próxima legislatura será necessário “outro impulso reformista” onde terão de estar incluídas “outras áreas e outras temáticas”.
Para já, o dirigente socialista disse que o partido aguarda a “resposta” dos partidos da geringonça mas que está empenhado “em dialogar” para “voltar a ter um Governo que tenha um período de estabilidade correspondente ao da legislatura”.