O bispo argentino Gustavo Zanchetta, de 54 anos, está a ser julgado no Vaticano, de acordo com as afirmações do Papa Francisco, ditas na passada terça-feira ao canal mexicano Televisa.
Os abusos foram alvo de uma investigação e, há duas semanas, o Papa Francisco ordenou que o caso fosse julgado por um tribunal do Vaticano.
Em 2017, Gustavo Zanchetta pediu a renúncia do cargo de bispo de Orán, na Argentina. Passados uns meses, o Papa Francisco atribuiu-lhe um alto cargo na administração do Vaticano, tendo passado a ser assessor da Administração Patrimonial da Sede Apostólica.
A agência Associated Press e a Tribuna de Salta, da Argentina, divulgaram documentos que provavam o Vatiacano sabia que o bispo tinha tido comportamentos sexuais inadequados, enquanto responsável pela diocese de Orán.
No entanto, em resposta às acusações da imprensa, o Vaticano veio esclarecer que Gustavo que a primeira vez que foi acusado de ter sido autor de abusos sexuais foi já no final de 2018.
Em entrevista para a cadeia de televisão mexicana Televisa, o Papa Francisco admitiu que também se questionou sobre os comportamentos inadequados do bispo, que remontam a 2015, sobretudo porque este tinha selfies estranhas no telemóvel. Situação da qual Gustavo Zanchetta se defende, dizendo que o telemóvel havia sido pirateado. Na altura, o Papa Francisco deu-lhe o benefício a duvida.
Por entre estes processos, surgiu uma queixa formal por parte do reitor do seminário de Orán que estava preocupado com a conduta do bispo. O embaixador do Vaticano recebeu a queixa, que pediu para serem tomadas “medidas urgentes”, de modo a proteger os alunos de primeiro ano do seminário, uma vez que as aulas de iniciação eram lecionadas em casa de Gustavo Zanchetta.
Em 2017, a renúncia do bispo foi aceite pelo Papa Francisco, sendo que Gustavo Zanchetta pediu para sair de Orán, porque tinha relações complicadas com os restantes párocos e era "incapaz de governar o clero".
Vários padres apresentaram queixas em relação ao bispo, incluindo uma do reitor e outra de um antigo vigário, todas referiam suspeitas de abusos de poder e de assédio sexual. O antigo vigário de Orán Juan Jose Manzano, informou que foi um dos funcionários diocesanos que deu o alerta para os comportamentos do bispo em 2015, e chegou a enviar para o Vaticano selfies que tinha visto.