Os muitos crimes do ex-general rebelde Bosco Ntaganda, um tutsi de 45 anos, nascido no Ruanda, valeram-lhe a alcunha de “exterminador” do Congo. Ontem, aos 45 anos, foi condenado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por massacres e violações em massa de civis, e por incentivar a utilização de crianças como combatentes ou escravas sexuais. Tudo para controlar a região de Ituri, no nordeste do da República Democrática do Congo, muito fértil e rica em minerais preciosos como ouro, bem como tungsténio e tântalo – usados para fazer desde lâmpadas a aparelhos eletrónicos.
O TPI considerou o ex-general congolês nascido no Ruanda como “um líder-chave” das milícias da União dos Patriotas Congoleses, que deu ordens para “visar e matar civis” entre 2002 e 2003. Entre as atrocidades que ordenou estão incluídos o massacre de uma aldeia em que até bebés foram esventrados e esmagados – o que motivou a sua alcunha de “exterminador”. Apesar de Ntaganda recusar o termo, dizendo que é “um soldado, não um criminoso”, foi condenado por 13 crimes de guerra e cinco contra a humanidade, após o TPI ter ouvido 2123 vítimas, incluindo crianças-soldado que combateram sob as ordens do antigo general congolês.
A acusação mostrou Ntaganda como líder implacável das revoltas étnicas de tutsis na República Democrática do Congo, após o genocídio de tutsis no vizinho Ruanda, em 1994. O conflito no Ituri causou mais de 50 mil mortos, segundo os Médicos Sem Fronteiras, e foi alimentado pela Segunda Guerra do Congo, que aumentou as tensões étnicas e tornou disponíveis grandes arsenais de armas ligeiras. Após a derrota da sua milícia pelas forças governamentais da RD Congo, em 2013, Ntaganda foi o primeiro suspeito a entregar-se voluntariamente ao TPI, através da embaixada dos Estados Unidos em Kigali, capital do Ruanda.