A exposição Sarah Affonso e a Arte Popular do Minho abriu esta semana no Museu Calouste Gulbenkian. Até 7 de outubro é possível ver as obras de pintura em paralelo com os desenhos, bordados e ourivesaria – inspiradas no Minho – da pintora modernista Sarah Affonso.
Apesar de ter nascido em Lisboa, a região do Minho marcou fortemente a infância e adolescência da artista. E foi o período entre 1904 e 1915 – que Sarah Affonso passou em Viana do Castelo – fo que mais mais influencia viria a ter nas suas criações artísticas. A sua ligação à região está bem documentada através das inúmeras fotografias e ícones da tradição minhota, como um traje de lavadeira, uma coleção de postais e dois cartazes das Festas da Nossa Senhora da Agonia, de Viana do Castelo.
A juntar à influência das terras do norte, as obras de Sarah Affonso, nascida em 1899, ecoam junto das barreiras sociais, especialmente no que concerne à afirmação das mulheres como artistas no início do século XX. Com uma linguagem e temática próprias, a pintora, que casou com Almada Negreiros – e tantas vezes a si associada – conseguiu passar para os seus quadros e desenhos os preconceitos que sentia enquanto figura feminina, mas também «o espírito independente com que os encarava», descreve o Museu Calouste Gulbenkian.
A curadora Ana Vasconcelos falou à Lusa da obra de Sarah Affonso e descreveu a artista como «uma mulher fundamental para Portugal, não só por se ter casado com o conhecido artista Almada Negreiros, mas por ser ela própria uma artista conceituada dos anos 20 e 30».