No final de junho, Rui Rio fez saber que ia aproveitar as legislativas para fazer uma “revolução” nos candidatos do PSD. Mas, afinal, nem todos os cabeças-de-lista são caras novas do partido e, entre os nomes por anunciar, o i apurou que alguns são do aparelho.
A um dia do fim do ciclo de reuniões entre a direção do PSD e as distritais – que termina amanhã com a reunião da distrital de Setúbal –, o elenco de cabeças-de-lista está praticamente fechado. (ver lista ao lado)
E entre os cabeças-de-lista por anunciar encontra-se Adão Silva, que vai liderar a lista de candidatos por Bragança. É um dos homens de mão de Rui Rio e em fevereiro de 2018 chegou a ser apontado, por apoiantes do presidente do partido, para líder da bancada parlamentar, depois da saída de Hugo Soares.
Outro dos nomes do aparelho do partido é Fernando Ruas, que foi eurodeputado pelo PSD e durante 24 anos esteve aos comandos da Câmara Municipal de Viseu. Foi também presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses. Ruas vai liderar a lista de candidatos sociais-democratas por Viseu.
Também Luís Leite Ramos é uma aposta de continuidade. Foi eleito deputado em 2011 pelo círculo de Vila Real, ocupando, nesse ano, o segundo lugar da lista. Em 2015, Passos Coelho apostou em Leite Ramos para cabeça-de-lista e, agora, Rui Rio toma a mesma decisão e mantém o parlamentar como líder da lista de candidatos por Vila Real.
Na semana passada, Rui Rio disse ainda, em entrevista à TVI, que não é autoritário ou ditador na forma como gere o PSD, garantindo que vai incluir críticos da sua presidência nas listas a candidatos a deputados. Mas o único cabeça-de-lista que é crítico de Rui Rio é Cristóvão Norte, que vai liderar a lista de Faro, sendo vice-presidente da distrital. Em janeiro deste ano, Cristóvão Norte – que foi apoiante de Rui Rio na disputa pela presidência do partido – assumiu que estava “desiludido” com a estratégia do líder, acrescentando que a oposição exercida pelo PSD ao Governo e aos partidos da geringonça “foi manifestamente insuficiente”.
Violação dos critérios
Entre os cabeças-de-lista a que o i teve acesso, há alguns casos que podem violar os critérios aprovados pela comissão política nacional para a escolha dos candidatos a deputados.
É que um dos critérios aprovados passa pela exclusão de autarcas das listas, de acordo com o último ponto do documento, onde se lê que a seleção deve resultar da “necessidade de evitar o exercício de cargos políticos executivos de eleição em acumulação”. Ou seja, a regra aprovada pela comissão política nacional impede que os candidatos pelo PSD exerçam qualquer outro cargo que resulte de eleição, sendo o caso dos presidentes de câmara, vereadores ou presidentes de juntas de freguesia.
Mas entre os cabeças-de-lista encontra-se Isaura Morais, por Santarém, que é presidente da Câmara de Rio Maior.
Há ainda o caso de Jorge Mendes, que vai encabeçar a lista de Viana do Castelo, sendo o presidente da Câmara de Valença.
Para que os critérios de seleção dos candidatos do partido não sejam violados, os dois autarcas terão de renunciar ao mandato ou suspendê-lo.
De acordo com o jornal O Mirante, Isaura Morais já fez saber que vai abandonar as suas funções na autarquia, mas não avançou uma data para que a Câmara de Rio Maior passe a ser gerida pelo vice-presidente, Filipe Santana Dias.
Filipa Roseta Lisboa
Hugo Carvalho Porto
André Coelho Lima Braga
Adão Silva Bragança
Silvestre Ferreira Beja
Cláudia André Castelo Branco
Mónica Quintela Coimbra
Carlos Peixoto Guarda
Margarida Balseiro Lopes Leiria
Ana Miguel Santos Aveiro
Isaura Morais Santarém
Nuno Carvalho Setúbal
Fernando Ruas Viseu
Luís Leite Ramos Vila Real
António José Miranda Portalegre
Cristóvão Norte Faro
Jorge Mendes Viana do Castelo
António Costa Silva (em aberto) Évora