A Câmara Municipal de Lisboa está a alterar o símbolo do ‘toureiro e do touro’ nos sinais rodoviários que indicam a direção para o Campo Pequeno na capital. O referido símbolo encontra-se tapado com um quadrado de vinil branco. Ao que o SOL apurou, as placas começaram a ser alteradas, pelo menos, desde quinta-feira. A modificação está a gerar polémica, sendo que a Prótoiro considera que a alteração representa uma «censura» por parte da autarquia a um «símbolo internacional» na sinalética de praças de touros. «A Câmara ou assume que é um erro, ou assume que quer claramente censurar», afirmou Hélder Milheiro, secretário-geral da associação ao SOL, recordando que «a arena é uma praça de touros, onde se realizam outras atividades e não o contrário». Confrontado pelo SOL, o município de Lisboa confirmou que «a sinalética está a ser atualizada», porque a «realidade mudou», prometendo que as placas serão brevemente substituídas por uma «versão definitiva». A autarquia sublinhou ainda que o Campo Pequeno «já não é exclusivamente uma praça onde há touradas», é «um espaço que acolhe eventos de diferentes naturezas».
Em reação a estas declarações, o representante da Prótoiro disse que se tratam de «desculpas de mau pagador», que o facto de apenas se «tapar o logo do toureiro na placa demonstra o objetivo da atualização» e garantiu também que irá pedir formalmente esclarecimentos à autarquia.
Os deputados municipais do CDS adiantaram-se e já exigiram respostas ao presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina. Os centristas tiveram conhecimento da situação «através do contacto de vários cidadãos perplexos» e Diogo Moura, líder da bancada municipal do CDS, exige que «o executivo informe sobre a fundamentação da medida, designadamente técnica, legal e política», pode ler-se num comunicado centrista.
O SOL contactou o gabinete do vereador da mobilidade Lisboa, Miguel Gaspar, que assegurou que este responsável «não deu nenhuma ordem» relativa à modificação em causa. A Junta de Freguesia das Avenidas Novas, onde algumas placas já foram alteradas, alegou não ter «informação de nada», remetendo esclarecimentos para a Câmara.
O PAN forçou um novo debate sobre a abolição das touradas na praça de touros do Campo Pequeno em março, durante uma sessão da Assembleia Municipal de Lisboa. Na altura, o partido de André Silva fez uma recomendação para que a Câmara tomasse medidas com vista ao fim dos eventos tauromáquicos na principal arena do país – após ter sido chumbada, oito meses antes, uma moção igual, também apresentada pelo PAN. Em resposta, Fernando Medina disse que não lhe competia tomar qualquer posição contra aquilo que é a vontade da maioria dos portugueses e dos lisboetas. Contudo, o presidente da autarquia não escondeu que, pessoalmente, não é adepto das touradas e que «não atribui nenhum apoio, subsídio ou facilidade» à realização das mesmas na capital.