A EFACEC vê reforçada a sua condição financeira. Apesar de o seu plano estratégico ainda se encontrar em fase de implementação, a empresa acabou de emitir com sucesso um empréstimo obrigacionista no valor de 58 milhões de euros.
O SOL sabe que a maturidade bullet é de cinco anos e tem uma taxa fixa de 4,5%. Esta emissão destinou-se exclusivamente a investidores institucionais: 64% estrangeiros e 36% nacionais. O pedido de admissão à negociação das obrigações junto do MARF – Mercado Alternativo Renta Fija – da BME – Bolsas y Mercados Españoles, será feito a partir do próximo dia 23 de julho.
A ideia surgiu há cerca de três meses e fonte ligada ao processo salientou ao SOL o «enorme desafio» que constituiu uma operação com esta natureza, sublinhando que a recetividade não podia ter sido melhor, já que «o objetivo foi totalmente cumprido».
«Esta operação obrigacionista é fundamental para o plano de reorganização e modernização da empresa enquanto unidade industrial», acrescentou a mesma fonte, realçando a importância do reconhecimento do mercado e dos investidores institucionais relativamente ao processo de transformação em curso na empresa, sob a liderança de Mário Leite da Silva, e cujo «sucesso só foi possível pelo apoio incondicional dos acionistas e também pelo empenho dos próprios colaboradores da EFACEC».
Por outro lado, a operação reflete igualmente a força da empresa e, em particular, da sua acionista, Isabel dos Santos, nos mercados de capitais, merecendo a confiança de investidores institucionais e internacionais.
Os objectivos deste empréstimo obrigacionista são: garantir o crescimento sustentado dos negócios nos mercados onde a Efacec opera, alongar a sua dívida financeira, refinanciar a dívida financeira e diversificar fontes de financiamento da empresa, tornando-a menos dependente da banca portuguesa.
Para levar a cabo esta emissão, a EFACEC foi alvo de análise por parte uma agência de rating. O trabalho esteve a cargo da espanhola Axesor, que atribuiu à empresa a nota de ‘investment grade’. A partir daí, a operação foi estruturada por dois assessores financeiros – Beka Finance e a Optimal Investments – e por um escritório de advogados – Vieira de Almeida & Associados.
Uma recuperação excepcional
Recorde-se que a empresa se encontrava numa situação de crise profunda ainda há quatro anos – em 2015 –, altura em que Isabel dos Santos investiu na fabricante portuguesa de equipamentos para o setor elétrico. Nessa época, a EFACEC chegou a admitir que «o grupo encontrava-se numa situação financeira crítica, com prejuízos anuais de 90 milhões de euros e necessitando de medidas excecionais de reforço de capitais próprios para evitar uma situação de falência técnica».
A empresária angolana deu um novo fôlego à empresa e, a partir daí, sob a liderança de Mário Leite da Silva, foi levado a cabo um profundo processo de transformação, apostando ao mesmo tempo em inovação e desenvolvimento.
Os primeiros resultados começaram a ser ser logo visíveis, não só em termos de faturação como também no aumento de carteira de encomendas, começando a empresa a viver um momento de recuperação crescente.
Uma aposta que acabou por se refletir no sucesso da operação que é agora fechada e que é vista pela administração «como um estímulo e também como um compromisso renovado com o plano estratégico atualmente em curso, baseado numa política que aposta na qualificação dos seus colaboradores, numa gestão de exigência e rigor, que diariamente reforça mecanismos de eficiência produtiva assim como de contenção de custos a par da conquista de novos mercados».
Ainda assim, a mesma fonte sublinha que é necessário continuar a trilhar este processo de afirmação da capacidade industrial da Efacec, quer a nível internacional quer como player de referência em áreas-chave, como a energia, ambiente, transportes, mobilidade, e nomeadamente a mobilidade elétrica.
Esta operação de emissão obrigacionista ocorre numa altura em que a empresa continua a reforçar a sua presença no mercado externo – a atividade internacional representa 76% das vendas da EFACEC.