“Isto é uma invasão!”, exclamou o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em vários dos seus comícios eleitorais, referindo-se aos imigrantes que se dirigiam através do México para a fronteira dos EUA. Meses depois, a expressão surgiria no manifesto do atirador de El Paso, que matou pelo menos 20 pessoas num centro comercial. Patrick Crusius, de 21 anos, tinha como objetivo “matar o máximo número de mexicanos possível”, acrescentando que o crime foi “uma resposta à invasão hispânica do Texas”.
Apesar de Crusius ter escrito que as suas opiniões extremistas já vinham antes de Trump, as críticas a Trump não se fizeram esperar. “O Presidente é responsável. As suas palavras alimentaram a supremacia branca”, acusou o senador democrata Cory Booker. Por agora, ainda não há indícios que o atirador de Dayton – que matou nove pessoas antes de ser ele próprio morto – partilhasse das ideias racistas de Crusius.
As críticas dos opositores de Trump ainda se tornaram maiores quando o Presidente culpou os media pelo ocorrido. “As fake news contribuiram enormemente para a raiva e fúria que se acumulou nos últimos anos”, escreveu no Twitter.
Trump, que sempre foi contrário ao controlo do porte de arma – à semelhança do seu partido – pareceu finalmente fazer concessões. “Não podemos deixar que os mortos de El Paso e de Dayton tenham morrido em vão”, afirmou, apelando a democratas e republicanos que trabalhem juntos para aprovar legislação mais rigorosa para compradores de armas. Num twitt imediatamente a seguir, Trump não conseguiu resistir a sugerir ainda uma “desesperadamente necessária reforma da imigração”. Ao mesmo tempo, nem sequer mencionou os ideais racistas do atirador de El Paso, mencionando apenas um problema nacional de “saúde mental”.
Ainda em maio deste ano, num dos seus comícios, Trump pediu ao público ideias para impedir migrantes de cruzar a fronteira. “Dando-lhes um tiro!”, respondeu um dos seus apoiantes, conseguindo gargalhadas da audiência e um sorriso do Presidente.