Sindicato pressiona ANTRAM. “Se o país parar, serão eles os responsáveis”

A greve dos motoristas marcada para a próxima semana mantém-se. Da reunião entre sindicatos e Governo resultou apenas a apresentação de uma proposta com aumentos até 2025.

Ainda não há fumo branco. A reunião entre Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) e Governo terminou ao início da noite e sem grandes desenvolvimentos. Ao i, Pedro Pardal Henriques, advogado do SNMMP, disse ter apresentado à tutela uma proposta e que é necessária “uma contraproposta da ANTRAM [Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias] até sexta-feira” para que seja tomada uma decisão relativamente à greve – se se mantém ou se é adiada. 

A posição do sindicato que representa os motoristas de matérias perigosas “não mudou” depois do encontro que decorreu durante toda a tarde, garantiu Pedro Pardal Henriques. Sobre a possibilidade de adiar a greve, é necessário a resposta da ANTRAM e, além disso, é preciso que “os sócios aprovem”, já que a contraproposta, a existir, será “apresentada aos filiados no sábado em Aveiras”. Pedro Pardal Henriques reforçou ainda que o sindicato está “sempre disponível para desconvocar a greve”, desde que a ANTRAM aceite negociar. A contraproposta apresentada pelo SNMMP prevê valores mais altos do que os inicialmente propostos, mas com aumentos faseados até 2025 – exigem agora aumentos salariais de 50 euros entre 2021 e 2025. 

O ministro Pedro Nuno Santos “mostrou grande compreensão” durante o encontro, garantiu o advogado do sindicato, mas a decisão cabe à ANTRAM. “Se o país parar, serão eles os responsáveis”, pressiona Pardal Henriques. Desde que o pré-aviso de greve para o próximo dia 12 de agosto foi entregue, os patrões recusam negociar qualquer contrato coletivo de trabalho com estes dois sindicatos. Antes da reunião, os patrões esclareceram que as negociações só recomeçariam se os sindicatos desistirem da paralisação. 

Sindicatos afastam-se

Antes da reunião entre os dois sindicatos e o Governo, o presidente do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias, Anacleto Rodrigues, garantiu que a proposta apresentada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas em nada representa o seu sindicato. “Foram declarações do dr. Pedro Pardal Henriques, que só representa o SNMMP, o SIMM representa-se a si próprio”, esclareceu. Até agora, os dois sindicatos têm trabalhado em conjunto, aliás, entregaram o pré-aviso de greve juntos. 

Relativamente à proposta discutida esta segunda-feira pelo SNMMP, Anacleto Rodrigues afastou responsabilidades sobre o documento, admitindo mesmo que só iria ter conhecimento da nova proposta durante a reunião com Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação.   

Reunião com FECTRANS adiada

Desde a entrega do pré-aviso de greve que a ANTRAM mantém a mesma postura: só retoma as negociações com os dois sindicatos se o pré-aviso de greve for retirado.  As reuniões têm sido feitas ao longo das últimas semanas e, ao i, José Manuel Oliveira, coordenador do sindicato afeto à CGTP, avançou que as negociações decorrem com normalidade, havendo, no entanto, pontos em que a FECTRANS e ANTRAM não estão de acordo.

Esta segunda-feira, a FECTRANS, ANTRAM e Governo tinham encontro marcado, mas a reunião acabou por ser adiada devido ao atraso nas negociações entre a tutela e os dois sindicatos que avançaram com o pré-aviso de greve. Primeiro foi adiada para as 18h, mas nem chegou a realizar-se, estando previsto que se realize hoje durante a manhã. 

Os objetivos deste sindicato são menos ambiciosos do que os do SNMMP e SIMM e o que está em cima da mesa é, diz a FECTRANS, “aumentos de salários para janeiro do ano que vem”. 

“Existe um protocolo negocial e em janeiro de 2020 o salário base passa para 700 euros, que se reflete num aumento mínimo para os motoristas de pesados, numa reposição mensal de 118 euros”, disse José Manuel Oliveira.