O Presidente dos Estados Unidos reforçou a pressão económica sobre o governo de Nicolás Maduro, esta segunda-feira. Através de um decreto executivo, Donald Trump congelou todos os ativos do Governo da Venezuela nos EUA.
“Os países vão ter de escolher entre fazer negócios com os Estados Unidos ou com a Venezuela”, explicou o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, que afirmou que o país de Maduro é um “Estado pária, tal como o Irão ou a Coreia do Norte”.
A nova ordem executiva vai além das sanções impostas há uns meses contra a empresa de petróleo estatal venezuelana, a PDVSA, e ao setor financeiro do país, avançou a Reuters.
A medida impede as empresas norte-americanas de fazerem transações financeiras com o governo de Caracas e os seus principais apoiantes: a primeira norma deste tipo em quase quatro décadas no hemisfério. Ou seja, a última vez que uma medida destas foi tomada por uma administração norte-americana foi quando Ronald Reagan congelou os ativos do Governo do Panamá, em 1980, e quando impôs um embargo comercial à Nicarágua.
Numa carta enviada ao Congresso, Trump justifica a nova carga de sanções com a “contínua usurpação de poder” do governo de Maduro, tal como os “abusos dos direitos humanos, incluindo a prisão arbitrária ou ilegal de cidadãos venezuelanos”.
A “interferência na liberdade de expressão, inclusive membros dos media, e as contínuas tentativas de menosprezar o presidente interino, Juan Guaidó, e o exercício da autoridade legítima da Assembleia Nacional da Venezuela”, por parte do Governo de Maduro, foram outras justificações que Trump apontou para endurecer a pressão sobre a Venezuela. Recorde-se que Washington apoiou os pedidos de Guaidó para que os militares se rebelassem contra Maduro, no passado mês de abril.
Por outro lado, o decreto executivo pode abrir caminho para a aplicação de sanções a países ou indivíduos que tenham relações com Caracas: “O objetivo aparente é dar aos EUA a capacidade de aplicar a lei além das suas fronteiras, aos aliados de Maduro, como a China, Rússia, Cuba, Irão e Turquia”, afirmou Russ Dallen, corretor especializado no mercado da América Latina, à Associated Press.
Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Jorge Arreaza, reagiu em comunicado esta terça-feira, frisando que a medida “formaliza um bloqueio económico, financeiro e comercial criminoso, que se já tinha iniciado”.
Em contraste, o rival de Maduro apoiou a nova ronda de sanções ao país. “Qualquer indivíduo, empresa, instituição ou nação que pretenda fazer negócios com o regime [de Maduro] estará, para efeitos de justiça internacional, a colaborar e a apoiar uma ditadura e sujeito a sanções”, escreveu Guaidó no Twitter.
Em declarações ao New York Times, Richard Nephew, um antigo funcionário do Departamento de Estado norte-americano, especificou: “Isto não é um embargo. Não prevê a penalização de quem faça negócios na Venezuela, apenas com o Governo”. Tanto a China como a Rússia continuam a comprar petróleo à Venezuela. A nova ronda de sanções pode, por isso, agravar as tensões de Washington com os seus rivais.
A economia do país sul-americano decresceu 25% no ano passado, desencadeando uma inflação de quase 1000%, segundo as estimativas do Fundo Monetário Internacional. A queda do preço do petróleo, de longe a maior fonte de receita do país, aliado às sanções americanas, tem deixado a Venezuela numa situação económica caótica, tendo levado quase quatro milhões de venezuelanos a fugir do país.