“O Governo não pode dizer que a economia está esplêndida e ao mesmo tempo aumentar a carga fiscal da forma brutal como aumentou”, sublinhou Rui Rio, durante o encerramento de um encontro com a diáspora promovido pelo PSD, este sábado, em Viseu.
Num tom já de campanha, o líder dos sociais-democratas aproveitou para reforçar que, caso o partido ganhe as eleições, uma das prioridades do PSD será “inverter” o aumento dos impostos.
“Se há momentos na história da nossa economia em que se justifica que os impostos tenham de subir por causa da degradação das contas públicas, há momentos em que não se justifica”, referiu Rio, recordando que uma das promessas eleitorais já apresentadas pelo partido é o alívio no IRS e no IRC e uma distribuição mais equilibrada das margens orçamentais.
O dirigente garantiu que, caso vença em outubro, irá construir uma economia “mais forte e robusta” e, consequentemente, “um Estado mais forte” que “pode prestar melhores serviços aos seus cidadãos”, ao contrário do que tem “sido feito pelo Governo”.
“Peça da solução” Ainda em Viseu, acompanhado pelo atual presidente do município, Almeida Henriques, e pelo ex-autarca e antigo eurodeputado, Fernando Ruas, Rio esteve com cerca de 20 representantes de várias comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. Dirigindo-se aos emigrantes, o líder partidário assinalou que estas comunidades são “uma peça importante da solução” que o PSD apresenta nestas legislativas. “Por um lado, nas comunidades portuguesas há muita gente com uma situação económica boa e com capacidade de investimento. Por outro lado, os portugueses que estão lá fora são pessoas que abrem com facilidade mercados aos produtos portugueses”, afirmou Rio, sugerindo que os emigrantes podem ser “embaixadores informais” para o país conseguir um maior investimento estrangeiro e aumentar a sua capacidade de exportação. O ex-presidente da Câmara do Porto destacou ainda que as comunidades portuguesas devem ser ‘acarinhadas’ e dotadas de mais “oportunidades”.
Pós críticas É de recordar que Rui Rio esteve em Viseu em modo pré-campanha após ter tido uma semana especialmente difícil, na qual foi severamente criticado dentro do próprio partido.
Tudo começou por o líder social-democrata ter ficado em silêncio durante quinze dias, com o país em plena crise energética.
Apesar de Rio se encontrar de férias como tinha anunciado, várias figuras do PSD não perdoaram o dirigente por dado espaço de manobra ao Governo para gerir a greve dos motoristas de matérias perigosas sem oposição. Apesar das críticas, Rio só deu uma conferência de imprensa na passada sexta-feira sobre a paralisação. Antes destas declarações, Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais, escreveu um artigo de opinião no i a falar sobre o que muitos militantes pensam, mas não dizem em público: “O PSD está há muito em greve de combate político. Claramente, não está a cumprir os serviços mínimos”, disse o autarca, admitindo uma vitória do PS nas legislativas.
O presidente da concelhia do PSD/Porto, Hugo Neto, também tomou uma posição semelhante contra Rio, que partilhou no Facebook. “A ausência total do PSD, durante duas longas semanas, num período político crítico é inaceitável”, escreveu Hugo Neto, que foi apoiante de Rio desde o início.