A presidente do CDS, Assunção Cristas, recusou ontem o cenário de abandono da liderança do partido após as eleições legislativas. Numa entrevista à Lusa, a dirigente não quis quantificar o resultado mínimo pelo qual poderia ter de se demitir, tendo em conta as várias sondagens do CDS para as eleições legislativas de 6 de outubro.
“Essa é uma questão que eu não me coloco, eu acho que nós vamos ter um bom resultado”, afirmou a presidente do CDS. Assim, Assunção Cristas preferiu realçar que a meta dos centristas é a de afirmar as “bandeiras eleitorais” do partido, designadamente, a baixa de impostos para a próxima legislatura, tanto para as famílias como para as empresas. Mais, o objetivo é o de “contribuir o mais possível para um bom resultado do centro-direita”, avisou Cristas. No passado, o registo do CDS era o de alcançar uma maioria de centro-direita no Parlamento.
Ora, os centristas têm 18 deputados e no CDS reconhece-se as dificuldades em manter o mesmo número de mandatos alcançados em 2015, sobretudo depois da crise dos professores, no mês de maio, em pré-campanha das Europeias. O CDS falhou o objetivo de eleger dois eurodeputados e o partido entrou numa fase de nervosismo e críticas, ouvidos nos órgãos internos do partido.
Mas, o discurso oficial é o de não deitar a toalha ao chão e Cristas foi muito clara nessa ideia: “Temos 18 deputados, sabemos o difícil que é, mas também sabemos que cada eleição é uma eleição. Portanto, o que podemos dizer é que estamos aqui, sim, para o mais possível dar força às nossas bandeiras [mas] isso está nas mãos das pessoas”, declarou a presidente centrista na referida entrevista.
Antes das eleições legislativas, há eleições regionais na Madeira, no próximo dia 22 de setembro, e o CDS é, neste momento, o maior partido da oposição ao PSD. Talvez, por isso, Assunção Cristas tenha arriscado ontem a tese de uma geringonça à direita no arquipélago, com o PSD.
“A receita que funcionou para o continente em 2015, pode acontecer agora na Madeira em 2019”, declarou Assunção Cristas.
De realçar que o PSD concorre para manter a maioria absoluta e mais de 40 anos no poder, enquanto o PS sonha alcançar a vitória e destronar os sociais-democratas. Que sempre foram poder na Madeira.
“Durante estes [últimos quatro anos] o CDS fez um trabalho muito intenso de oposição construtiva, tem muitas propostas e, de facto, pode ser uma chave da governação para o próximo governo regional”, defendeu Assunção Cristas, que escolheu a Madeira para a rentrée política dos democratas-cristãos, tal como os socialistas, no passado fim de semana.