O Presidente do Estados Unidos, Donald Trump, anunciou este fim de semana o fim das negociações de paz entre os Estados Unidos e os talibãs, após um atentado com um carro-bomba em Cabul que foi reivindicado pelo grupo e causou a morte a dez civis e dois soldados da NATO, incluindo um norte-americano. “Se não conseguem concordar com estas negociações de paz tão importantes e mataram até 12 pessoas inocentes, então, provavelmente, não têm poder para negociar um acordo significativo”, justificou Trump no Twitter.
Horas antes do tweet que pôs fim a um negociação que já dura há quase um ano, um dirigente talibã envolvido nas negociações afirmou à Reuters que estariam próximos de um acordo de paz. O próprio Presidente norte-americano mencionou: “Os principais líderes talibãs – e, separadamente, o Presidente do Afeganistão [Ashraf Ghani] – iam reunir-se secretamente comigo em Camp David, este sábado”.
A visita secreta aos EUA de líderes talibãs, que sempre recusaram negociar diretamente com o Governo afegão, seria um marco histórico – ainda para mais, nas vésperas do aniversário do 11 de Setembro, que motivou a invasão do Afeganistão de Osama bin Laden, que planeou o atentado às Torres Gémeas. “Negociar um acordo? Claro que sim. Convidá-los para Camp David perto do 11 de Setembro? Louco e incrivelmente insensato”, comentou no Twitter Emma Ashford, investigadora do Instituto Cato.
A visita dos líderes talibãs aos EUA estaria em linha com o que tem sido a prática diplomática de Trump, que se afirma um negociador nato. E mesmo após as três reuniões com o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, que conseguiram parcos resultados, o Presidente dos EUA parece decidido a conseguir uma vitória internacional – aproximam-se as eleições norte-americanas, marcadas para dia 3 de novembro.
Ofensiva Apesar das negociações em curso, os talibãs continuam a avançar no Afeganistão. Hoje controlam mais território do que nunca nos últimos 18 anos de guerra, desde que foram derrubados, em 2001. E recusam um cessar-fogo até que os cerca de 14 mil soldados norte-americanos no Afeganistão deixem o país.
Os muitos ataques mortíferos dos talibãs contra civis servem para “mostrar à comunidade internacional que eles não podem ser derrotados”, explicou à Al Jazira o diretor do Institute of Current World Affairs, Hashim Wahdatyar. “Que género de pessoas matariam tantos só para, aparentemente, reforçarem a sua posição negocial?”, questionou Trump no Twitter.