Pouco depois de Benjamin Netanyahu ter prometido que, caso vença as eleições do próximo dia 17 de setembro, anexará o Vale da Jordânia e o norte do mar Morto, os líderes palestinianos, os países árabes, as Nações Unidas e a União Europeia reagiram com indignação às palavras do primeiro-ministro israelita.
“O apelo barato de Netanyahu à sua base racista e extremista expõe a sua verdadeira agenda política de sobrepor ‘a grande Israel’ a toda a Palestina histórica e a realização de uma agenda de limpeza étnica”, acusou Hanan Ashrawi, uma das líderes da Organização pela Libertação da Palestina, na terça-feira pelo Twitter.
Por outro lado, a Liga Árabe considerou o anúncio de Netanyahu um perigoso precedente, depois de um encontro da organização no Cairo na terça-feira. “Um desenvolvimento perigoso e uma nova agressão de Israel, declarando a sua intenção de violar a lei internacional”, lê-se no comunicado conjunto dos ministros dos Negócios Estrangeiros árabes – na sequência de uma sessão de emergência depois das declarações na televisão e em direto do primeiro-ministro israelita.
Em concordância esteve também a ONU, avisando que o plano do primeiro-ministro não teria “nenhum efeito legal” ao nível da lei internacional. “Tal perspetiva seria devastadora para o potencial de reavivar as negociações, a paz regional e a própria essência de uma solução a dois-estados”, reagiu o porta-voz da organização sediada em Nova Iorque, Stephane Dujarric.
O território que Netanyahu prometeu incorporar no Estado judaico – “aplicar a soberania” – constitui cerca de um terço da Faixa Ocidental, não incluindo algumas cidades palestinianas, tais como Jericó. Ou seja, o primeiro-ministro quer anexar boa parte da Área C, que está maioritariamente sob o controlo civill e militar israelita. No Vale da Jordânia e no norte do mar Morto, contando com Jericó, vivem aproximadamente 65 mil palestinianos e 11 mil israelitas em colonatos ilegais.
Netanyahu, que não conseguiu formar Governo após as eleições de abril passado, está a jogar a sua sobrevivência política para ser eleito para o quinto mandato consecutivo. O apoio dos residentes israelitas em colonatos ilegais na Cisjordânia (outro nome para a Faixa Ocidental) é quase uma condição sine qua non para se manter no poder.