A coordenadora do BE, Catarina Martins, defendeu, ontem, que nas eleições legislativas o “voto útil dos socialistas que não querem maioria absoluta é no BE”. Numa entrevista à Lusa, a dirigente argumentou que o crescimento do partido que lidera “pode ser o fator decisivo” para impedir que os socialistas tenham maioria no dia 6 de outubro.
Catarina Martins reforçou a ideia de que “um maioria absoluta é perigosa” como já se constatou “pelas experiências passadas” em Portugal. “Hoje o voto útil não tem a ver com a escolha de um primeiro-ministro. Tem sobretudo a ver com o equilíbrio de forças, com o equilíbrio que queremos para puxar pelo país”, sublinhou a coordenadora bloquista, acrescentando que “quem deseja que Portugal continue a avançar nas conquistas dos direitos do trabalho, de valorização de salários e de pensões, na defesa do Estado social e do investimento público” deverá votar no BE.
Contas certas “não batem certo” Catarina Martins ainda aproveitou para acusar os socialistas de terem um programa eleitoral que “promete medidas” cujas “contas não batem certo”.
“Existe uma ambiguidade neste programa do PS, nestes números mal explicados, que não existiu há quatro anos”, apontou alegando que “os números” do programa de António Costa só surgiram após o debate televisivo entre si e o primeiro-ministro. Para justificar a sua posição, a dirigente exemplificou que para “atualizar os salários da Função Pública, ao nível da inflação, custa 345 milhões de euros” e o PS orçamenta “95 milhões de euros”, notou Catarina Martins concluindo que “em vez de atualização, estamos a falar, seguramente, de cortes”.
‘PS cedeu à extrema-direita’ Na referida entrevista, Catarina Martins fez também duras críticas aos socialistas sobre o seu desempenho na Comissão Europeia. “O Partido Socialista em Portugal e outros partidos ditos de centro em outros países da Europa prometeram construir uma aliança que não permitisse à extrema-direita conduzir os destinos da Europa e, de facto, falharam em toda a linha e acabaram por ceder”, declarou.
Jerónimo sorri Confrontado com a posição de que o voto útil à esquerda é nos bloquista, Jerónimo de Sousa respondeu com um sorriso e disse que “o Bloco lá saberá porque é que diz ou não”. Contudo, o secretário-geral do PCP partilhou a mesma preocupação que Catarina Martins sobre uma maioria do PS e apelou ao voto na CDU, durante uma visita, ontem, ao Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa.