Capoulas Santos, ministro da Agricultura, manifestou-se contra a decisão do reitor da Universidade de Coimbra (UC), Amílcar Falcão, que informou, esta terça-feira, que vai eliminar o consumo de carne de vaca nas cantinas universitárias a partir de janeiro de 2020, para o estabelecimento de ensino superior atingir neutralidade carbónica.
“Não deixa de ser amargo constatar que até as vetustas paredes da centenária academia são permeáveis ao populismo e à demagogia. Sete séculos depois, o decreto ainda derrota a educação, que é a maior garantia da liberdade individual e, dentro desta, da liberdade de escolha informada”, escreveu, ontem, o governante no Facebook.
A publicação do ministro veio na sequência do desafio deixado pela deputada centrista Patrícia Fonseca. Novamente candidata do CDS por Santarém, Patrícia Fonseca pediu a Capoulas Santos que manifestasse a sua posição sobre a polémica, após o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, ter elogiado a medida, defendendo que era importante que uma universidade como a de Coimbra tivesse o objetivo de alcançar neutralidade carbónica. A deputada considerou ainda, em declarações à Lusa, que a decisão é “um atentado à liberdade de escolha e ao mundo rural”.
“Restrição da liberdade” Ainda no CDS, o líder distrital de Coimbra do partido, Rui Nuno Castro, também se insurgiu contra a decisão afirmando que “não é com abolição, proibição ou outra qualquer medida de restrição da liberdade de cada um que se vai conseguir introduzir hábitos que induzam comportamentos sustentáveis visando qualquer transformação cultural”.
O centrista também enfatizou que deveriam “ser os alunos e não a Universidade, a escolher o que devem ou não comer no âmbito de uma alimentação saudável”.
Rui Nuno Castro lembrou ainda que num “momento de hipersensibilidade política” o reitor deveria ter reflito melhor sobre a forma como estava a posicionar a universidade.
Juntando-se às críticas, a Confederação dos Agricultores de Portugal também repudiou a proposta sublinhando que “a invocada ‘emergência climática’, desígnio que a todos convoca, não deve – não pode – servir de pretexto para a tomada de decisões infundadas, baseadas em alarmismos incompreensíveis”. A Associação Empresarial de Coimbra partilhou também a mesma opinião alegando não compreender “esta nova política de abolição de consumo de carne bovina nas cantinas como forma de protesto pelo meio ambiente”.
“Sinal positivo” O dirigente do PAN também já reagiu ao anunciou da medida: “É isto que defendemos, política com coragem!”, escreveu André Silva no próprio dia em que a informação foi divulgada na sua página oficial do Facebook.
Ontem, durante uma visita à fábrica de produção de café Novadelta em Portalegre, o porta-voz do PAN acrescentou ainda que considera que a decisão é “um sinal positivo” de avanço no país, considerando que “a produção de carne bovina é dos maiores poluentes do mundo” e “é dos maiores impactantes nos ecossistemas”.