A campanha dos vários partidos esteve ontem a meio-gás por causa do debate televisivo com todas as forças políticas com assento parlamentar, mas tanto a CDU como o Bloco de Esquerda tiveram agenda oficial em Lisboa, ambos com temas que são bandeiras dos dois partidos.
Jerónimo de Sousa, líder do PCP e o rosto máximo da CDU, esteve ontem na estação de Santa Apolónia, em Lisboa, e aproveitou o momento para reclamar mais uma vez a paternidade do passe social único até aos 40 euros.
“O impacto do alargamento do passe é tão grande que todos procuram agora assumir a sua paternidade. Mas a realidade é que apenas um partido, o PCP, a CDU, colocou no seu programa eleitoral de 2015 a proposta de alargamento do passe social intermodal”, declarou Jerónimo de Sousa, citado pela Lusa.
Mas a abordagem ao setor dos transportes não se resumiu aos passes sociais. O líder comunista alertou ainda para os problemas do setor do táxi “esmagado pela concorrência de multinacionais” ou na CP, “onde se preparam linhas lucrativas” para sustentar que os direitos não podem andar atrás e há um risco de liberalização nestes vários setores.
Na véspera, Jerónimo esteve em Loures, com casa cheia num comício que marcou o regresso de Paulo de Carvalho, que interpretou o hino de campanha, sob o lema sonho e razão.
Bloco e a habitação Já Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, preferiu dedicar a sua agenda a um tema que é caro aos bloquistas: o da habitação. A dirigente bloquista esteve no bairro de Lóios, de habitação social, em Marvila. Foi verificar a casa de uma moradora que lhe quis mostrar uma parte do teto. A moradora assegurou que já não o volta a pintar tendo em conta o preço da renda de paga. Catarina Martins cumprimentou a moradora com um abraço e verificou as condições da casa. Por fim, ao falar aos jornalistas, Catarina Martins lembrou que o IHRU (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana) ainda não chamou as pessoas para regularizar situações de incumprimento devido ao aumento das rendas no tempo do governo PSD/CDS. O facto leva a uma “bola de neve, com multas”, alertou Catarina Martins, sublinhando que a legislação foi alterada e algumas pessoas só recebem pensões de invalidez de 170 euros. Uma situação de vulnerabilidade que o Bloco levou à campanha para insistir na solução do problema destas pessoas.
Paralelamente, a dirigente bloquista lembrou uma das propostas eleitorais mais importantes para o Bloco de Esquerda: lançar um programa de recuperação de 100 mil casas em quatro anos para garantir rendas médias de 300 euros (entre 150 a 500 euros), mais acessíveis. O objetivo é o de recuperar habitações do Estado ou de misericórdias e permitir o acesso ao arrendamento acessível. O custo estimado no programa eleitoral do BE é de 6 mil milhões de euros ao longo de uma legislatura.