Os seis líderes partidários encontraram-se, na última segunda-feira à noite, para um debate televisivo, transmitido em simultâneo na RTP1 e RTP3. Entre os assuntos em discussão destacaram-se as leis laborais, o estado do SNS, o aumento de impostos e, sobretudo a atual solução governativa.
Depois de António Costa se ter encontrado com Rui Rio, durante a manhã, num debate radiofónico, Catarina Martins aproveitou as declarações do secretário-geral do PS para dar mote ao debate.
No frente a frente transmitido pela Antena 1, Rádio Renascença e TSF, António Costa disse que o Bloco de Esquerda fez do PS o seu adversário em 2015, acrescentando ainda esperar que nestas eleições o BE "reveja a sua posição mais cedo" e não depois de uma " reunião do PS com o PCP", como há quatro anos.
A líder do BE decidiu responder ao atual primeiro-ministro e falou numa “espécie de reescrita da história”. Depois de dizer que queria deixar “as coisas claras”, Catarina Martins disse que na manhã das eleições, em 2015, O BE e o PS estiveram reunidos “de forma informal”.
António Costa parece não ter gostado das declarações da líder bloquista. “Eu tenho por princípio de boa educação, nunca falo em público das reuniões que tenho em privado", atirou o secretário-geral do PS.
"Não disse nada que não esteja escrito em livros e confirmado por dirigentes do PS", declarou Catarina Martins.
O líder socialista não se deixou ficar e considerou que “quem quer reescrever a história é a Catarina Martins", uma vez que descreve os últimos quatro anos como "a história do confronto entre o PS e os partidos à esquerda".
"No último mês, o PS usou o argumento da crise para apelar a uma maioria absoluta para se livrar dos 'empecilhos' da esquerda’", acusou a líder do BE.
"Só na sua cabeça e do Bloco de Esquerda pode haver esta descrição desta legislatura", defendeu Costa, acrescentando depois que o BE o PCP não são empecilhos.
Jerónimo de Sousa considerou que nos último quatro anos houve uma “arrumação de forças”. No entanto, o secretário-geral do PCP deixou claro que a "conjuntura não é repetível", já que este é "outro tempo”.
Perante a discussão, Rui Rio afirmou que os “arrufos” são tratados “dentro de casa” e deixou claro que não acredita numa dissolução definitiva da ‘geringonça’.
"Se o PS precisar do apoio do PCP e do Bloco de Esquerda para governar, lá teremos, naturalmente, e também outra vez a 'geringonça' de certeza", disse o líder do PSD.
Da mesma opinião Partilha Assunção Cristas, referindo que PS, BE e PCP "vão entender-se todos ou não" mediante os resultados das eleições.
Depois do arrufo à Esquerda, a líder do CDS criticou o Governo pelo “maior caos de sempre” na saúde, insistiu na carga fiscal recorde e relembrou as polémicas dos últimos quatro anos.
Já Rui Rio, voltou a falar na “maior carga fiscal de sempre” e levou as repostas que tinham ficado mal explicadas noutros debates.
"Em termos reais, a economia portuguesa foi a segunda pior dos países da coesão. Isto é indesmentível", disse o líder do PSD.
A palavra corrupção saltou no debate por iniciativa de André Silva, que além de defender os habituais princípios do PAN, colocou a “corrupção” em discussão, Mas o líder do PAN não ficou por aqui e, a propósito das leis laborais e do crescimento económico, afirmou que "o país está muitas vezes a desenvolver-se à custa de mão de obra escrava".
Jerónimo de Sousa, como em outros debates, ficou pela posição tradicional do PCP, mantendo-se pouco ativo. Além de discordar de Costa na área laboral, concordou nos aumentos do abono de família. No entanto, sempre a distanciar-se de uma nova geringonça.