O debate sobre o caso Tancos, que a direita quis realizar durante a campanha eleitoral e não conseguiu, ficou marcado pela disponibilidade manifestada pelo PS, Bloco de Esquerda e PEV para uma nova comissão de inquérito.
“Se uma nova comissão parlamentar de inquérito vier a ser requerida viabilizá-la-emos”, disse Filipe Neto Brandão, vice-presidente do grupo parlamentar, garantindo que os socialistas querem que “todos os factos relativos a Tancos possam ser apurados e todas as responsabilidades imputadas”.
Os bloquistas, pela voz do líder parlamentar, também manifestaram abertura para “na próxima legislatura fazer uma comissão de inquérito sobre o que verdadeiramente aconteceu”. Pedro Filipe Soares considerou que a acusação do Ministério Público revelou “novas informações que vale a pena serem levadas em conta”.
OPCP foi mais cauteloso. António Filipe defendeu que é preciso “aguardar” pela decisão judicial e recusou retirar ilações com base apenas na acusação. “Só no final”, disse o deputado comunista. Já o Partido Ecologista “Os Verdes” garantiu que não se irá opor à criação de uma comissão de inquérito.
A proposta para a criação de uma nova comissão parlamentar de inquérito ao caso Tancos foi feita pelo CDS em plena campanha eleitoral.
ministro mentiu A polémica dominou a campanha eleitoral devido à acusação do Ministério Público. Fernando Negrão repetiu ontem, no parlamento, os argumentos utilizados pelo PSD para pedir um debate de urgência. “Se [António Costa] sabia e nada fez, foi conivente. Se não sabia, algo de estranho se passa no Governo”, disse o líder parlamentar do PSD.
Negrão lançou várias perguntas dirigidas a António Costa: “Como avalia o senhor primeiro-ministro a atuação do ministro da Defesa? Como e quando soube?”.
A seguir, Duarte Marques, deputado social-democrata, manifestou a convicção de que o ministro Azeredo Lopes “mentiu no parlamento e, em particular, na comissão de inquérito”.
Do lado do CDS, Telmo Correia também defendeu que o primeiro-ministro não se pode “esconder” e tem de esclarecer se o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes “transmitiu ou não transmitiu” o que sabia.
justicialismos populistas OPS recusou “alimentar justicialismos populistas” e alertou que o parlamento “não se pode substituir a essa avaliação judicial”. Filipe Neto Brandão, vice-presidente do grupo parlamentar, aproveitou para criticar a postura da direita durante a campanha eleitoral. “Pode ser demagogicamente tentador – e foi-o, manifestamente na campanha eleitoral – mas não prestigia nenhum parlamentar (…) É alimentar justicialismos populistas. Numa palavra, é, parlamentar e democraticamente, uma indignidade”, afirmou.