Cofina/TVI. Paulo Fernandes quer um grupo com duas estruturas

TVI24 está registada na ERC como canal de informação, enquanto a CMTV surge como canal generalista no cabo.  

Separar os conceitos entre Correio da Manhã, CMTV e TVI é um dos objetivos da Cofina. O SOL apurou que os canais televisivos vão funcionar como dois projetos distintos. Uma tarefa que poderá ser facilitada já que os registos junto da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) são já hoje diferentes. A CMTV está registada como um canal generalista no cabo, enquanto a TVI24 aparece como um canal de notícias. Além disso, a compra é feita pela holding e não pela empresa detentora do Correio da Manhã.

As novidades não ficam por aqui. A junção dos dois grupos não vai implicar qualquer despedimento. O SOL sabe que o objetivo é reforçar equipas e manter as direções. O futuro já tinha suscitado a preocupação do Sindicato dos Jornalistas: «Lamentavelmente, este tipo de fusões tem-se traduzido em cortes de pessoal e emagrecimento de redações» disse o sindicato, considerando «fulcral obter esclarecimentos por parte das administrações dos dois grupos envolvidos no negócio, no sentido de antecipar o impacto laboral de uma eventual fusão e de proteger os direitos dos jornalistas».

 Também o target de cada um dos canais vai ser direcionado para diferentes classes. A CMTV vai continuar a apostar em áreas como a criminalidade e, como tal, está dirigida à classe C e D – mais popular. Ou seja, o mesmo foco que tem a SIC atualmente. Isto significa que, os dois canais vão concorrer entre si em termos de receitas publicitárias. Já a TVI irá focar-se mais na área política e económica e com isso pretende abranger as classes A e B – premium. O mesmo irá acontecer com o canal aberto da TVI. Neste momento, as receitas de publicidade da Cofina rondam os 28 milhões de euros, enquanto as da Media Capital atingem quase os 125 milhões de euros.

As questões relacionadas com a concorrência e com o pluralismo terão de ser avaliadas pela Autoridade da Concorrência (AdC) e pela ERC, uma vez que já foram notificadas da intenção de compra. Contactada pelo SOL, a ERC garante que iniciou «de imediato os procedimentos que lhe competem e que estão sujeitos ao dever de sigilo». A ERC tem agora 20 dias úteis para emitir o parecer, a contar a partir do dia em que foi informada: 7 de outubro. Já a Concorrência tem como data limite dia 2 de dezembro para dar um parecer. 

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