Depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado a semana passada a ofensiva turca contra as forças curdas no nordeste da Síria – retirando as forças norte-americanas que estavam entre os dois adversários – o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, insistiu ontem, perante os jornalistas, que afinal “os EUA não deram luz verde à Turquia para invadir a Síria”.
Segundo Pence, enquanto o conflito na região se agrava – e até muitos republicanos estão furiosos com o Presidente – Trump terá exigido um cessar-fogo imediato, numa chamada com o Presidente turco, Recep Tayyp Erdogan. A Casa Branca anunciou a imposição de sanções a membros do Executivo turco, bem como o congelamento das negociações para um acordo de livre comércio com a Turquia, que envolveria cerca de 100 mil milhões de dólares (à volta de 90 mil milhões de euros).
Além disso, as atuais tarifas sobre o aço turco serão aumentadas de 25% para 50%. Algo que os EUA já tinham feito o ano passado, para exigir a libertação do pastor norte-americano Andrew Brunson, que a Turquia queria trocar por Fethullah Gulen, um clérigo islâmico opositor de Erdogan. Na altura, as novas as tarifas do aço resultaram num aumento recorde da inflação da lira turca, em cerca de 30% – obrigando à libertação de Brunson. Contudo, uma coisa é o Estado turco libertar um pastor norte-americano, outra é abandonar uma ofensiva contra os curdos, seus adversários históricos.
Muitos têm dúvidas que as ameaças de Trump se concretizem, após a promessa de sanções à Turquia, por comprar mísseis S-400 à Rússia, nunca ter dado em nada. O próprio Erdogan referiu-se às atuais ameaças como um “gracejo”. Já, o embaixador turco às Nações Unidas, Sadik Arslan, confrontado com um possível embargo europeu à venda de armas à Turquia, referiu-se a isso como uma “piada”, garantido que as forças armadas turcas – as segundas maiores da NATO – continuariam bem equipadas.