“Estrategicamente brilhante”: foi desta forma que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descreveu a decisão de retirar as tropas norte-americanas do nordeste da Síria. Estas faziam de tampão entre a Turquia e os seus inimigos das Forças Democráticas Sírias (FDS), uma coligação de árabes, assírios e curdos, aliada dos EUA contra o Estado Islâmico (ISIS).
Entretanto, centenas de militantes islamitas terão fugido de campos de detenção curdos – que tiveram de concentrar as suas forças em enfrentar a Turquia. Enquanto isso, a violência escalou na região, com a ofensiva turca a ser encabeçada pelas milícias do Exército Livre da Síria – acusadas de abusos dos direitos humanos, saques e massacres -, o que atirou os antigos aliados dos norte-americanos para os braços do regime sírio de Bashar al-Assad, aliado da Rússia.
“A Síria está a proteger os curdos, isso é bom”, salientou Trump, notando que a Rússia está no terreno a combater o ISIS também. “Eles conseguem lidar com o assunto”. Quanto às acusações de ter traído os seus aliados curdos – que perderam cerca de 11 mil tropas a combater o Estado Islâmico -, Trump assegurou: “Os curdos sabem combater. Como disse, eles não são anjos”.
Para conter os danos, o vice-presidente norte-americano, Mike Pence, e o secretário de Estado Mike Pompeo vão encontrar-se com o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, para tentar conseguir um cessar-fogo. Mas, apesar de os EUA o terem ameaçado com sanções, Erdogan não parece nada inclinado a negociar. “‘Declare um cessar-fogo’, dizem eles. Nunca vamos declarar um cessar-fogo”, declarou o Presidente turco.