Carlos Guimarães Pinto, presidente da Iniciativa Liberal, anunciou que vai deixar a liderança do partido, através de uma publicação feita pelo próprio no Facebook. “A minha missão no partido ficou hoje #cumprida e termina aqui”, lê-se na nota.
Na mensagem onde assume abandonar a liderança da Iniciativa Liberal, Guimarães Pinto começa por dizer, com orgulho, que quarta-feira foi um dia "histórico" para o partido, visto ter sido o primeiro dia de debate do programa de Governo onde se ouviu "a voz de um deputado eleito por um partido liberal" e recebido com uma "resposta azeda de António Costa", que "demonstrou o quanto ele temia o momento em que teria uma efetiva oposição ideológica no parlamento".
Na publicação, Guimarães Pinto fala, além da sua vida profissional, da sua vida pessoal e dos "sacrifícios pessoais" que teve de fazer para levar a Iniciativa Liberal a conseguir eleger um deputado para a Assembleia da República.
"Eu percebo a desilusão que alguns possam ter em relação a este anúncio, mas não me podem pedir mais. Não me podem pedir que continue a sacrificar a minha vida por uma causa. Foi um ano intenso em que tive que abdicar de muito para fazer este caminho. Fi-lo numa altura em que ninguém o teria feito. Criei as condições para que outros o possam fazer daqui para a frente com recursos que eu nunca tive e, espero eu, menos sacrifícios pessoais. Não me podem exigir mais", confessa.
João Cotrim de Figueiredo, o deputado eleito pelo partido nas eleições explica que a saída de Guimarães Pinto já tinha sido comunicado a nível interno e que a decisão do ex-líder do partido se deveu a este, líder de cabeça do Porto, não ter sido eleito como deputado, o que iria prejudicar a sua carreira enquanto economista.
“Esta situação já estava prevista a partir do momento em que se elegeu alguém por Lisboa e não pelo Porto. O Carlos ascendeu à presidência há um ano e trouxe o partido até aqui e há uma enorme parte do mérito daquilo que se conseguiu que é dele. Mas isto teve um enorme custo pessoal para a sua vida, que, em justiça, não podemos pedir que ele continue a fazer. Ele tem compromissos fora de Portugal todos os anos por esta altura de novembro e, se não saísse este ano, muito provavelmente a sua carreira profissional ficaria alterada, quem sabe para sempre”, explica Cotrim Figueiredo ao Observador.
Apesar do anúncio, Carlos Guimarães Pinto vai manter-se no cargo até ser encontrado o seu sucessor. João Cotrim de Figueiredo é um dos possíveis candidatos à liderança. No próximo dia 17 de novembro será reunido o conselho nacional, de onde deverá sair a data do congresso para a escolha.
"Conheço várias pessoas com capacidade para exercerem essas funções. Se têm vontade, já não sei. Não me preocupa absolutamente nada esta transição em que vamos entrar, acho que temos um ciclo político novo e vamos ter de nos adaptar, obviamente. Reconhecemos o papel do Carlos e temos pena que ele não possa continuar, mas repito que não podemos, em consciência, pedir-lhe que ele faça mais do que fez até hoje”, afirmou o deputado eleito pelo círculo de Lisboa.
Guimarães Pinto deixa ainda uma mensagem ao novo líder do partido e sublinha que esta "nova fase" não será fácil mas que não será mais difícil do que era há um ano trás. “Hoje o partido tem ao seu dispor mais recursos, um rosto com exposição mediática e uma marca clara e distintiva na sociedade portuguesa. Se num ano partindo quase do zero, conseguimos construir tudo isto, não há limite ao que pode ser atingido a partir de agora. Eu ficarei para sempre com o orgulho de ter tido um pequeno papel nesta história”, conclui.