Arranca hoje mais uma edição do Web Summit, mas ainda em instalações “provisórias”. Depois de um braço-de-ferro entre a Câmara Municipal de Lisboa (CML) e a Fundação AIP – que detém a FIL, o Centro de Congressos e a Praça Sony –, a autarquia anunciou que as negociações para a ampliação do espaço vão ser retomadas. A CML pretendia que as obras que estava previsto serem desenvolvidas pela fundação em 10 anos fossem terminadas em três, com vista a responder ao crescimento do evento. “Foi tomada a decisão de se iniciar um processo de negociação formal com a fundação AIP que permita estudar e avaliar de que forma é possível, através de investimento municipal, articular um programa relativamente à expansão da FIL”, afirmou Fernando Medina. O i sabe que este impasse esteve relacionado com as contrapartidas financeiras envolvidas na negociação.
Para esta edição, a autarquia terá de desembolsar 4,7 milhões de euros, além dos três milhões anuais pagos para a realização do evento. “Os 4,7 milhões de euros são relativos ao aluguer de espaços (FIL e Altice Arena), às tendas provisórias para garantir as áreas de exposição de que a organização necessita e a aquisição de logística de comunicação – wi-fi de última geração, crucial para a realização de um evento desta natureza”, revelou a Câmara.
Em cima da mesa está a criação de condições para que o espaço entre pavilhões fique unido, o que irá aumentar de forma significativa a área atualmente existente. Outra das alterações diz respeito à cobertura das traseiras da FIL, o que irá permitir instalar ali salas de reuniões. Também a Praça Sony será alvo de alterações. A ideia é construir um pavilhão com vários andares. Feitas as contas, a expansão da Feira Internacional de Lisboa permite que a área expositiva quase triplique, para cerca de 111 mil metros quadrados. Um investimento contabilizado na ordem dos 150 milhões de euros, daí a Fundação AIP ter apontado um prazo de 10 anos para o desenvolvimento de todas estas obras.
Também o próprio presidente da Câmara reconheceu que “há uma prioridade à expansão da FIL e não uma prioridade à construção de um edifício novo, de raiz”. No entanto, a autarquia reserva a possibilidade de “não havendo entendimento, poder seguir outros caminhos”, ainda que a desejável seja “procurar um entendimento”. E, por isso, considera que “no fundo, a novidade é o início e aceleração do compromisso da expansão da nossa capacidade de feiras e congressos”. Recorda, aliás, que antes da realização da Web Summit “já se falava nisso”. Fernando Medina adiantou também que o objetivo é que esta fase fique concluída até ao fim do primeiro trimestre de 2020.
Recorde-se que o alargamento da FIL é uma obrigação assumida junto de Paddy Cosgrave, para que o evento possa acolher um maior número de participantes. O contrato assinado entre o Estado, a CML e a Connected Intelligence Limited (CIL), empresa que organiza a Web Summit, prevê que a área da FIL mais do que duplique para um mínimo 90 mil metros quadrados de espaços de exposição permanente até 2021.
Aliás, a falta de acordo entre Medina e Rocha de Matos, presidente da Fundação AIP, relativamente ao modelo de expansão da FIL levou Paddy Cosgrave e Fernando Medina a equacionar outros locais para os próximos anos do evento em Lisboa. A Foz do Trancão (entre os concelhos de Lisboa e Loures) e um espaço junto à Feira Popular (em Carnide) foram algumas das localizações que chegaram a estar em cima da mesa.