O PSD tem eleições internas marcadas para 11 de janeiro do próximo ano, três candidatos anunciados (Rui Rio, Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz), e pode haver mais um rosto na lista: Miguel Morgado, ex-deputado, antigo assessor político de Passos Coelho, e fundador do Movimento 5 de julho, criado para reunir forças da direita e pensar este espetro político.
O ex-parlamentar já começou a recolher as 1500 assinaturas necessárias para formalizar uma candidatura à liderança do PSD e ir a jogo em janeiro.
Ao i, Morgado confirma que começou a recolha “na semana passada por altura do conselho nacional”. Não sabe se conseguirá as assinaturas impostas nos regulamentos, mas está a tentar. “Não posso ser candidato sem as assinaturas”, constata ao i o ex-deputado, crítico da estratégia de Rui Rio, atual presidente do PSD e recandidato.
“Estou a tentar sim”, frisa o ex-deputado, sem revelar quantas já tem. Há duas semanas tinha dito ao SOL que iria tomar uma decisão sobre a corrida à liderança depois de outubro. O próprio assumiu, em diversas declarações, que se tivesse condições para concorrer – e meios – o iria fazer. Porém, houve quem apontasse que o ex-deputado já estaria fora da corrida há uma semana, tal como Jorge Moreira da Silva, ex-ministro do Ambiente, que optou por ficar fora de cena.
Assim, se Miguel Morgado conseguir as 1500 assinaturas necessárias, os sociais-democratas terão quatro nomes nos boletins de voto, sendo que estão reunidas as condições para que o PSD possa vir a ter duas voltas nas eleições diretas.
Os estatutos do partido preveem que, se nenhum dos candidatos obtiver “uma a maioria absoluta dos votos validamente expressos” (50 mais um), então, haverá uma segunda volta. Que deve ocorrer a 18 de janeiro. Esta versão está prevista desde 2012, mas só agora deverá ser aplicada porque há mais do que dois concorrentes.
Os candidatos terão de formalizar a sua entrada na corrida até 30 de dezembro, com a respetiva proposta de estratégia global e orçamento de campanha, dizem os regulamentos.
Candidatos na estrada O PSD já entrou em modo de campanha interna e cada candidato tem uma estratégia bem definida. Rui Rio, o atual líder do partido, não vai fazer propriamente o que em política se chama de ‘roteiro da carne assada’. Não o fez em campanha para as legislativas de 6 de outubro e não o deve fazer nas eleições internas. Rio, apurou o i, deverá ter sobretudo ações de campanha aos fins de semana. Durante os dias úteis estará, boa parte do tempo, no Parlamento a assumir o papel de líder parlamentar e presidente dos sociais-democratas. Mas a dupla condição – de líder e recandidato – não é isenta de críticas. Bem pelo contrário, Paulo Cunha, autarca de Vila Nova de Famalicão, e um dos apoios mais importantes de Luís Montenegro, a Norte, criticou Rio por instrumentalizar a função. Numa crónica de opinião no Correio do Minho (de ontem), contestou o facto de Rio ter colocado o debate quinzenal na agenda de candidato no site www.ruirioportugalaocentro.pt. O autarca considerou que Rio continua a fazer “política para consumo interno”.
Luís Montenegro, que anunciou publicamente a sua candidatura no passado domingo, está a percorrer o país e ontem reuniu-se com 50 autarcas em Santa Maria da Feira. Um encontro de trabalho para debater ideias e traçar estratégia a pensar no próximo combate eleitoral: as autárquicas de 2021.
No passado domingo, Montenegro teve sala cheia, figuras como as ex-deputadas Paula Teixeira da Cruz, Teresa Morais, mas também militantes como Virgínia Estorninho e Conceição Monteiro, além do antigo líder do partido, Rui Machete. Do lado de Rio, os apoios a Montenegro foram encarados como uma lista de apoiantes do passado, leia-se do ‘passismo’.
Já Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara de Cascais, fez um balanço em vídeo de uma semana intensa de campanha, de encontros com os parceiros sociais, e lembrou que só o PSD é alternativa de poder. No próximo dia 18 fará a apresentação pública da sua candidatura no Pátio da Galé, em Lisboa. Tal como Montenegro, Pinto Luz também se tem desdobrado em contactos, no terreno, e ao telefone, porque todos os votos contam no partido.
A candidatura de Pinto Luz está a fazer o seu caminho e pode baralhar (e muito) as contas tanto para Rui Rio como para Luís Montenegro, atirando o futuro da liderança do PSD para uma segunda volta nas eleições internas.