O primeiro-ministro espanhol em funções, Pedro Sánchez, e o líder do Unidas Podemos, Pablo Iglesias, alcançaram um pré-acordo para um Governo de coligação, anunciado em conferência de imprensa, hoje à tarde. Face ao impasse, após as eleições de 10 de novembro, ambos abdicaram dos todos os vetos que os impediram de se entenderem, após as eleições de 28 de abril – levando à repetição das eleições.
Contudo, agora a situação está mais complicada do que antes. Em conjunto, o PSOE e o Unidas Podemos têm 155 deputados, longe dos 176 que precisam para uma maioria. Continuam dependentes da abstenção dos independentistas catalães, como estavam após as eleições de abril. Com a diferença que, agora, com o caos na Catalunha, dificilmente as forças catalães se mostrarão tão disponíveis a negociar. Os três deputados do Mais País – resultado de uma cisão do Unidas Podemos – estarão certamente disponíveis a negociar, e os independentistas bascos do Partido Nacionalista Basco (PNV), que têm sete deputados, já se mostraram disponíveis também. Talvez o PSOE ainda consiga apoio dos cinco deputados do Euskal Herria Bildu (EH Bildu) – mas ficam-lhe a faltar seis deputados.
Além disso, está fora de questão conseguir um Governo apoiado pelo Unidas Podemos, PSOE e Ciudadanos: juntos têm apenas 165 deputados. Juntando o Ciudadanos à equação, certamente se afasta o apoio independentista – os centristas têm uma posição ainda mais dura em relação à Catalunha do que Sánchez. Faltando os independentistas, Sánchez poderia tentar conseguir a abstenção do Partido Popular (PP) – que certamente não ficarão satisfeitos com o apoio à esquerda, do Unidas Podemos. Ainda assim, o anúncio do pré-acordo dá corpo à promessa feita por Sánchez na noite eleitoral, de um "Governo progressista". Falta saber como será concretizada.
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