A recuperação da situação económica de Portugal é uma “história de sucesso”. A garantia é dada pelo diretor do Mecanismo Europeu de Estabilidade que, ainda assim, admitiu que durante do programa de assistência, os portugueses “não tenham ficado felizes” com as medidas.
“Portugal é, claramente, uma história de sucesso. É uma das nossas cinco histórias de sucesso [juntamente com Irlanda, Espanha, Grécia e Chipre]”, afirmou Klaus Regling. E não tem dúvidas: Portugal “foi capaz de sair do programa [de assistência] três anos depois do início e alguns anos depois, são notórios os efeitos positivos das reformas implementadas”, realçou o responsável, lembrando que “Portugal tem hoje, pela primeira vez em 50 anos, um orçamento equilibrado e um elevado crescimento, acima da média da zona euro” avançou à Lusa.
De acordo com Klaus Regling, “o problema foi que os resultados não surgiram logo”. Mas chama a atenção para o facto de a taxa de desemprego estar atualmente abaixo dos números registados antes da crise. “O ritmo [de crescimento económico] foi lento durante o programa e a população, por vezes, não gostava das medidas implementadas, o que é normal porque, por vezes, estes ajustamentos são dolorosos por incluírem uma redução dos salários e cortes nas pensões. Também abrangem reformas estruturais e, quando isso acontece, normalmente as pessoas não ficam muito felizes”, afirmou o diretor do Mecanismo Europeu de Estabilidade.
Mas reconhece que ainda há trabalho a fazer, nomeadamente no que diz respeito ao crédito malparado. “Em Portugal, os NPLs estão acima da média europeia, mas abaixo de há alguns anos”, disse.
Perspetivas positivas
O que é certo é que os dados são animadores. Na próxima quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar a estimativa rápida das Contas Nacionais Trimestrais, relativa ao terceiro trimestre e é necessário que a economia tenha crescido 0,3% entre julho e setembro, face aos três meses anteriores, e depois avance 0,1% nos últimos três meses do ano para que seja alcançada a meta de crescimento do Governo, de 1,9% do PIB, no conjunto do ano. Isto significa que, na segunda metade do ano, a economia portuguesa pode acelerar menos de metade do registado nos primeiros seis meses para cumprir a previsão do ministro das Finanças, Mário Centeno.
No final de agosto, antes da revisão das Contas Nacionais para a nova base 2016, o INE disse que o PIB tinha crescido 0,5% em cadeia e 1,8% em termos homólogos no segundo trimestre, o mesmo ritmo de expansão verificado nos primeiros três meses do ano. Mas, um mês depois, com a atualização das Contas Nacionais, o INE melhorou em três décimas o crescimento do PIB em 2018, de 2,1% para 2,4%, tendo também melhorado em sete décimas a evolução da economia em 2017, para 3,5%.
Já na semana passada, a Comissão Europeia também melhorou em três décimas a previsão de crescimento económico de Portugal para 2% este ano, uma décima acima do esperado pelo Governo (1,9%), mantendo a anterior previsão de 1,7% para 2020, três décimas abaixo da previsão do executivo português (2%).