O sindicato dos trabalhadores do papel acusa a administração da Navigator de cometer “ilegalidades” para tentar contornar a greve que decorre nas fábricas do grupo até às 24h00 de sábado. Manuel Bravo, da Fiequimetal, garantiu ao i que “a empresa tem vindo a efetuar uma substituição ilegal de grevistas, com recurso a trabalhadores de origem desconhecida”. “Há trabalhadores a serem transportados em autocarros da empresa diretamente para o interior das fábricas, numa tentativa de contornar a paralisação e de inviabilizar os piquetes de greve”, afirmou.
O dirigente sindical confirma que já foi apresentada uma queixa à Autoridade para as Condições do Trabalho, no sentido de ver restabelecida o que alega ser “uma ilegalidade”, e reforça as exigências dos trabalhadores da Navigator que defendem um reenquadramento salarial e uma revisão do plano de carreiras. A paralisação de quatro dias decorre nas quatro fábricas do grupo – em Aveiro, Vila Velha de Ródão, Figueira da Foz e Setúbal – depois de administração e trabalhadores não terem chegado a acordo após seis meses de negociações.
Apesar destas denúncias, Manuel Bravo afirma quenos primeiros três dias de greve “nem uma folha de papel foi produzida nas fábricas da Navigator”. O sindicato diz que “a luta é para continuar” e recorda os lucros da empresa em 2018, para defender a justiça das reivindicações: “A riqueza produzida pelos trabalhadores tem de reverter para os trabalhadores”.
Apesar dos lucros de 225 milhões em 2018, um aumento de 8%, o cenário na Navigator tem vindo a alterar-se e nos primeiros nove meses do ano atingiu os 147,5 milhões de euros, o que representa uma queda homóloga de 14,1% – um sintoma de crise comum a todo o setor do papel, e que se agrava com o clima de conflito laboral.
Empresa não reata diálogo com grevistas
Em comunicado, divulgado na véspera da paralisação, a administração da Navigator procurou recordar e enumerar as medidas em termos remuneratórios tomadas ao longo dos últimos anos. A administração da Navigator alegou que realizou “aumentos generalizados nos ordenados e subsídios, entre 1,5% e 2%”, procedeu ao pagamento de “prémios de desempenho no valor de 80 milhões de euros, distribuídos ao longo de cinco anos”, e concedeu “progressões na carreira a 58% dos trabalhadores”.
Enquanto a greve decorre, a empresa rejeita reatar o diálogo com os trabalhadores. Os sindicatos reúnem-se na próxima segunda-feira com representantes dos trabalhadores das quatro fábricas do grupo para fazer um balanço e persp