É já noite quando José Sócrates aterra no aeroporto de Lisboa vindo de Paris, no voo AF 1124, da companhia aérea Air France. Aquela sexta-feira, 21 de novembro, fez agora cinco anos. O ex-primeiro-ministro é um dos últimos passageiros a abandonar o Airbus 319 – a saída acontecera pela porta da frente e ele estava na penúltima fila, no assento 23 C. O intervalo entre a aterragem e a saída, perto de 15 minutos, já lhe tinha dado tempo para fazer algumas chamadas, nomeadamente para o então deputado socialista Nuno André Figueiredo que o pôs a par das principais notícias dos telejornais – nomeadamente que responsáveis do Grupo Lena haviam sido ouvidos no âmbito do processo Monte Branco, um dos detalhes que é relatado no livro Caso Sócrates – O Julgamento do Regime.
Sócrates havia planeado regressar a Lisboa na véspera da sua detenção – comprou inclusivamente bilhetes em outros três voos – mas foi adiando a sua viagem. Nessa época o ex-governante anunciara aos amigos que estava a trabalhar para a farmacêutica Octapharma, como consultor para a América Latina, e não escondia de ninguém que estudava em França. Na quinta-feira – dia em que supostamente Sócrates chegava a Lisboa – a mega operação estava montada, 150 homens, entre elementos do MP, da Inspeção Tributária, das Alfândegas e agentes da PSP.
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