O dirigente do SOS Racismo Mamadou Ba anunciou ontem que se desvinculou do Bloco de Esquerda em profunda divergência. O ativista integrava este partido desde a sua fundação. O agora ex-aderente do BE reconhece que tomou a decisão de sair em janeiro deste ano, após a polémica sobre os incidentes entre a PSP e os moradores do Bairro da Jamaica, no Seixal.
Na altura falou em “bosta da bófia” sobre a forma como a PSP atuou, após uma chamada ao bairro. Os incidentes foram filmados e tornaram-se virais nas redes sociais. O Bloco optou por não comentar os termos em que Mamadou Ba, ex-assessor parlamentar, decidiu abordar o caso. O BE condenou, na altura, a dupla discriminação de que eram alvo os moradores, tendo feito, aliás, várias visitas ao bairro, com e sem a imprensa. Em janeiro, os bloquistas participaram também em várias ações de combate ao racismo. Aparentemente não terá sido suficiente, na ótica de Mamadou Ba.
Ontem, o ativista escreveu que a sua saída “resulta de uma profunda divergência, pois o que renega não é o projeto que deu origem ao Bloco, mas o que o partido se tornou ao longo do tempo”.
Mamadou Ba foi membro da mesa nacional do Bloco de Esquerda, da comissão de direitos do partido e da coordenadora concelhia de Lisboa do Bloco de Esquerda, e lembrou-o na nota de desvinculação do BE.
“A ligação com o Bloco de Esquerda que hoje termina dura desde a sua fundação e, nesses 20 anos, para além da militância, partilhei responsabilidades coletivas enquanto membro da Mesa Nacional, da Comissão de Direitos e da Coordenadora Concelhia de Lisboa”, recordou.
Entretanto, nas redes sociais surgiu a tese de que o ativista poderia ir para outro partido – algo que o próprio fez questão de desmentir: “A ideia de que vou para um outro partido qualquer é mesmo uma descomunal risota”, escreveu no Facebook. Oficialmente, o BE não quis emitir qualquer reação.