Alfred Chestnut, Andrew Stewart e Ransom Watkins eram meros adolescentes, em 1983, que viviam na cidade de Baltimore. Num dia que era suposto ser de celebração e de festa, o dia de Ação de Graças, tornou-se no mais negro das suas vidas. Passaram mais de 36 anos na cadeia por um crime que não cometeram – foram libertados esta segunda-feira.
Poucos meses depois da sua detenção, os três adolescentes foram condenados a prsão perpétua pela morte de um rapaz de 14 anos. Segundo as autoridades, tinham matado o seu colega de secundário por quererem apoderar-se do seu casaco, na entrada do Harlem Park Junior High School, Baltimore. Contudo, quase quatro décadas depois, uma equipa de procuradores encontrou inúmeros erros na investigação do caso e concluiu que, afinal, o autor do tiroteio tinha sido outro.
Já com os cabelos brancos dos seus mais de 50 anos de idade, os três homens mostraram-se aliviados com a sua libertação depois de terem passado toda a sua vida adulta encarcerados. Mas também não deixaram de exibir alguma perplexidade por justiça ter sido feita. “Sonhei sempre com isto”, admitiu aos repórteres Chestnut, ao lado da sua mãe e da sua noiva. “Todos os meus amigos na prisão sabem que eu sempre falei disto, sonhando com isso a toda a hora. Mesmo quando era criança, sabe?”.
Dizem os procuradores responsáveis pela investigação que levou à libertação dos três homens afro-descendentes, que durante a investigação inicial da polícia, esta ignorou e reteve vários relatos de testemunhas que identificavam outra pessoa como o assassino. Além disso, nenhuma das testemunhas do julgamento conseguiram identificar os três adolescentes como os autores do crime.
“Estes três homens foram condenados, quando eram crianças, por má conduta policial e do Ministério Público”, sublinhou a procuradora de Baltimore, Marilyn Mosby. “Não acho que hoje seja um dia de vitória. É uma tragédia. E precisamos de assumir a nossa responsabilidade”. O gabinete de Mosby avançou, em comunicado, que o procurador de Maryland na altura, Jonathan Shoup, foi um dos maiores responsáveis pela condenação dos três homens inocentes.