O ano começou com uma subida expressiva nos nascimentos – até março nasceram no país quase mais mil crianças do que no primeiro trimestre do ano passado –, mas o embalo desvaneceu-se e o aumento da natalidade, depois da quebra abrupta durante a crise, parece estar a desacelerar.
Até novembro nasceram no país 80 714 crianças, mais 230 do que no ano passado, o que dá uma subida de 0,3%. É o número mais elevado desde 2014 e, a confirmar-se a tendência em dezembro, será o segundo ano consecutivo em que a natalidade aumenta, mas a subida, por agora, representa apenas um terço da registada de 2017 para 2018, quando os nascimentos aumentaram 1% – ainda assim, muito longe de garantirem saldo natural positivo, o que já não acontece desde 2008. Mesmo contando com o saldo migratório, no ano passado, o país perdeu 14 mil habitantes e o índice de envelhecimento agravou-se, sobretudo no interior.
Os dados dos nascimentos são ainda preliminares e resultam da contagem dos testes do pezinho feitos no país, uma análise que é feita aos recém-nascidos nos primeiros dias de vida para despiste de algumas doenças, a cargo do Programa Nacional de Diagnóstico Precoce do Instituto Ricardo Jorge. O balanço, que costuma dar uma imagem muito próxima da evolução da natalidade no país, revela que embora haja tendências positivas – como uma subida de 7,5% na natalidade em Bragança –, o número de nascimentos está em queda em vários distritos do interior. A maior diminuição regista-se no distrito de Castelo Branco, com menos 18,3% de nascimentos do que em 2018, seguindo-se Portalegre, onde os nascimentos recuaram 12%.
Na Guarda, os nascimentos também baixaram 9% e em Vila Real são menos 7,4%. Mas também em Braga, distrito onde nos últimos anos têm aumentado os nascimentos, há menos bebés do que em 2018 (-1%).
E se, depois dos distritos de Lisboa e Porto – que representam quase metade dos nascimentos do país –, o terceiro lugar no pódio da natalidade tem alternado entre Braga e Setúbal, este ano é claramente o Sul a vencer: o número de nascimentos em Setúbal aumentou 4%, sendo o distrito que regista a maior subida no país.
Dados municipais publicados esta semana pelo INE revelam que no ano passado, contando com a imigração, a população residente aumentou apenas em 48 municípios, sobretudo nas áreas metropolitanas de Lisboa, Porto e Algarve. A maior subida foi em Alcochete. Já o índice de envelhecimento – o número de idosos por cada 100 jovens – continuou a agravar-se.
Nos concelhos mais envelhecidos do país há hoje seis vezes mais idosos do que jovens. Oleiros é o município com a maior taxa de envelhecimento, com 684,4 idosos por cada 100 jovens. Seguem-se Alcoutim (661,3), Vila Velha de Ródão (638), Penamacor (621,8) e Almeida (613,4). O top-10 dos concelhos mais envelhecidos inclui ainda Vinhais, Pampilhosa da Serra, Sabugal, Mação e Torre de Moncorvo.