A partir de 11 de janeiro, Lisboa será a Capital Verde Europeia, uma distinção concedida pela Comissão Europeia, que de ano para ano destaca cidades que têm mostrado desenvolvimentos na área do ambiente. Ao todo, serão gastos cerca de 60 milhões de euros. Em quê? Segundo a própria Câmara Municipal de Lisboa, essencialmente em ações de propaganda, promoção e iniciativas de divulgação e debate de cariz ambiental.
«No próximo ano, Lisboa será a Capital Verde Europeia e terá em agenda, ao longo do ano, um importante conjunto de eventos, atividades, exposições e conferências, relacionadas com a preservação do ambiente e combate às alterações climáticas. A programação é extensa e transversal a diversas áreas da vida da cidade, incluindo exposições, abertura de mais espaços verdes, conferências, iniciativas culturais, convites à participação, sensibilização da população e a edição de um Orçamento Participativo Verde», lê-se no documento que descreve o orçamento da autarquia para o próximo ano. «As iniciativas, no valor global de cerca de 60 milhões de euros, foram concebidas de forma a não se esgotarem no ano de 2020, perdurando nos anos seguintes», acrescenta.
O documento não discrimina onde é que estes 60 milhões de euros serão gastos, referindo apenas as ações de promoção e nas iniciativas culturais. O único ponto ligado ao ambiente é a abertura de novos espaços verdes.
O SOL fez uma pesquisa no Base, portal online de contratos públicos, e viu que estão disponíveis contratos no valor de cerca de 985 mil euros. A maioria dos serviços dizem respeito a produção de campanhas nas redes sociais, à prestação de serviços de marketing e à criação de merchandising.
Ao consultar o site da Lisboa Cidade Verde Europeia 2020, é possível constatar que grande parte dos eventos previstos são conferências e exposições sobre ambiente. Além disso, a página revela que «ao longo do ano serão apresentadas inovações na área ambiental a serem implementadas na cidade», sem especificar que tipo de ações estão planeadas. A autarquia refere também que será feita a «apresentação de uma intervenção realizada na cidade», mas não revela em que moldes, descrevendo-a apenas como «uma obra em Lisboa». As iniciativas ‘mais verdes’ deste programa são a plantação de 20 mil árvores em várias zonas de Lisboa e a abertura ao público de novos jardins.
Sá Fernandes ponto focal, Medina em destaque
O coordenador desta iniciativa ao nível autárquico é o vereador independente eleito pelas listas do PSJosé Sá Fernandes. Mas Fernando Medina aposta na Capital Verde para se afirmar como líder de causas ambientais e do combate às alterações climáticas, procurando ter a maior visibilidade possível não apenas no município, mas, sobretudo, no partido e no país.
Até porque as obras orçamentadas para os próximos anos vão muito além destes 60 milhões – sendo que é conhecido que há várias frentes de competências do presidente da Câmara de Lisboa que esbarram na esfera da tutela do Ministério das Infraestruturas, liderado por Pedro Nuno Santos. Ora, Pedro Nuno é considerado o maior obstáculo às aspirações de Medina no interior do partido.
E se António Costa já veio deixar claro que não tenciona abandonar a liderança do partido e do Governo tão cedo, a verdade é que as movimentações no interior do partido continuam, e os mais empenhados já se preparam para as cenas dos próximos capítulos. A Capital verde é um deles.