Marcelo Rebelo de Sousa afirmou ontem que prefere que o Orçamento do Estado para 2020 seja aprovado pela esquerda do que por uma “solução de recurso”.
“Começar uma legislatura com uma hipótese de recurso é começar uma legislatura de uma forma fraca”, disse o Presidente da República, à margem de uma visita às tropas portuguesas em Cabul, no Afeganistão, referindo-se a uma possível coligação do PS com os deputados do PSD/Madeira, PAN e Livre.
“O que é natural é que sejam as forças que têm maioria numérica no Parlamento e que estiveram na base do apoio do Governo anterior” a viabilizar o próximo Orçamento, acrescentou Marcelo.
Mário Centeno também defende que a solução mais “natural” para a aprovação do Orçamento do Estado para 2020 passe por um consenso com a esquerda, mas não exclui a hipótese de o documento ser aprovado com recurso a outras soluções.
“O que é natural é que [o Orçamento do Estado] seja aprovado e debatido com o BE, o PCP e os Verdes. E nós devemos incentivar que as coisas aconteçam com naturalidade”, disse o ministro das Finanças, numa entrevista ao Expresso.
Centeno não descarta a realização de mais reuniões com os antigos parceiros da geringonça com vista a clarificar certos pontos. Aliás, o ministro das Finanças lembra que o documento “financia medidas que já foram aprovadas com o apoio destes partidos, na parentalidade, no abono de família, nas reformas antecipadas”.
Questionado sobre a hipótese de existir uma coligação conjuntural com o PSD/Madeira, PAN e Livre, Centeno diz que, seja com uma ou outra opção, o importante é garantir a aprovação do documento: “Do ponto de vista político, o que vejo com naturalidade é a primeira versão. Do ponto de vista financeiro e orçamental, como ministro das Finanças, o que zelo é pela preservação do documento que reflita as prioridades do Governo”.