Marcelo Rebelo de Sousa escreveu uma mensagem de Natal, no Jornal de Notícias, onde fala sobre as suas preocupações e faz uma retrospetiva sobre o ano 2019, que, na visão do Presidente, foi marcado por desigualdades e instabilidades políticas e económicas
"Continuam ou multiplicam-se, no Mundo, sinais que não são boa notícia nem para a paz, nem para o diálogo, nem para a convivência entre pessoas, povos, culturas e civilizações.Sinais como a permanência de desigualdades, de miséria, de guerra, de instabilidade política, social e económica, a provocarem mais migrações e mais refugiados. Com velhos e novos focos em África, na Ásia, na América Latina", começa por dizer Marcelo, mencionado vários problemas atuais como o combate às alterações climáticas e a tensão política internacional.
Para Marcelo, este é um "Natal de preocupação". "Preocupante, também, embora num plano diferente, no que toca a Portugal, quanto à concentração do debate público em pontos específicos, mais formais do que substanciais, mais conjunturais do que estruturais, à sensação difusa de que o dia a dia deve prevalecer sobre os horizontes de médio e longo prazo na perceção social de muitos, à situação crítica da comunicação social, acicate de instabilidade, de preferência pelo imediatismo, de potenciação do efémero em detrimento do fundamental", afirma o Presidente da República.
No entanto, apesar de preocupado, Marcelo não deixa de se mostrar esperançoso com a evolução, não só de Portugal, mas do mundo. "A esperança existe e permite mobilizar, mesmo quando a preocupação se manifesta", declara. "Esperança no Mundo. Porque continua a luta de um sem-número de organizações e de cidadãos pelos valores primeiros do personalismo e do humanismo, a começar pela dignidade da pessoa humana. Porque prossegue a saga dos que batalham pela paz, pela justiça, pelos direitos humanos, pelo Direito Internacional, pelo diálogo, a convergência, o entendimento", enumera Marcelo.
"Esperança em Portugal. Porque, entre nós, o bom senso, a experiência de muito passado e do que nele se viveu e o apelo de mais e melhor apontam para olhar mais alto e mais longe e cuidar de evitar injustiças, desigualdades, omissões, atrasos e displicências que criem o caldo para o enfraquecimento de pilares basilares de uma Democracia viva e de futuro" afirma o Presidente.
"E, porque a esperança é mais forte do que a preocupação – como é, aliás, próprio do Natal -, o que desejo a todos e a cada um dos que me vão ler, como, em geral, a cada um dos que tento servir todos os dias – e esses são mais, muitos mais – é um Natal Feliz, se possível vivido rodeados pelos seus entes mais queridos, e tendo sempre presentes os que o espaço físico, a doença ou a exigência pessoal ou profissional impedem de partilharem esse Natal familiar", conclui.