O líder do Partido Popular Austríaco (ÖVP em alemão), Sebastian Kurz, de 33 anos, vai voltar a ser chanceler da Áustria. Desta vez, em vez de estar coligado com a extrema-direita do Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ em alemão), o líder conservador estará coligado com os Verdes, liderados por Werner Kogler.
A coligação, anunciada esta quinta-feira, tem um programa improvável, que mistura preocupações ambientais com uma agenda dura contra a imigração e o Islão. As propostas incluem prisão preventiva para requerentes de asilo, proibição do uso do hijab – o véu islâmico – nas escolas até aos 14 anos e a promessa de tornar a Áustria neutra em emissões de gases com efeito de estufa até 2040 – uma década antes do atual objetivo da União Europeia.
“Foi possível combinar o melhor dos dois mundos”, declarou Kurz, anunciando o acordo após reunir com Kogler, e prometendo “proteger o clima e as fronteiras”. O líder dos Verdes mostrou-se também satisfeito, dado que “a Áustria deverá tornar-se num líder europeu e internacional no combate às alterações climáticas”.
O ÖVP saiu vencedor das eleições de setembro na Áustria, com 37,5% dos votos. Isto mesmo após o escândalo de corrupção que envolveu o líder dos seus parceiros de coligação do FPÖ, Heinz-Christian Strache, que foi filmado em Ibiza a oferecer-se para receber subornos.
Face ao risco político de voltar a coligar-se com a extrema-direita, Kurz virou-se para os Verdes, que tiveram 13,9 dos votos. Ficarão com as pastas do Ambiente, Infraestruturas, Assuntos Sociais, Justiça, Desporto e Cultura, enquanto Kogler fica com o posto de vice-chanceler.
O acordo ainda terá de ser votado pelos delegados dos Verdes, no congresso do partido, este fim-de-semana – mas a imprensa austríaca já dá o ‘sim’ como um dado adquirido. “Muito azul turquesa e um pouco de verde”, foi a manchete do tablóide Kronen Zeitung, referindo-se às cores de ambos os partidos.