Pode até vir a ser dominado pelo que tiver saído da noite de Globos de Ouro o dia de hoje no mundo do cinema. Ainda assim, Harvey Weinstein dificilmente escapará ao radar das atenções mediáticas no dia que marca o início do seu julgamento pelo caso que, entre uma enorme polémica, acabou por desencadear os movimentos #MeToo e Time’s Up.
Foi já em outubro de 2017 que o New York Times e a New Yorker publicaram duas grandes investigações em que mais de uma dezena de mulheres acusavam aquele que era um dos produtores mais influentes de Hollywood de assédio sexual e violação. E apenas duas semanas bastaram para que a coragem inicial de algumas tivesse levado várias outras dezenas de mulheres a contarem também elas as suas histórias: no final de outubro, eram 80 aquelas que diziam ter sido vítimas de Harvey Weinstein.
Depressa o produtor de filmes como Sexo, Mentiras e Vídeo, de Steven Soderbergh, ou Pulp Fiction, de Quentin Tarantino, se viu obrigado a afastar-se da empresa que o próprio fundara, além de expulso da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, anualmente responsável pela atribuição dos Óscares.
Mais de dois anos depois, Weinstein apresenta-se nesta segunda-feira pela primeira vez a um tribunal de Manhattan, Nova Iorque, onde começará a ser julgado por uma lista de crimes de assédio e de violação de que é acusado por mais de 80 mulheres.
Em declarações enviadas à CNN por email, o ex-produtor recorda que tem estado num processo de reabilitação desde o outono de 2017, que inclui “um programa de 12 níveis e meditação”. “Os últimos dois anos foram cansativos e apresentaram-me uma grande oportunidade para auto-reflexão”.