O Irão perdeu o seu principal estratega, o general Qassem Soleimani, morto por um drone norte-americano perto do aeroporto de Bagdade, mas ficou mais próximo de um dos seus objetivos: acabar com a longa presença militar dos Estados Unidos no vizinho Iraque.
Após fúria e o luto encherem as ruas de Bagdade e das cidades santas xiitas de Karbala e Najaf, por onde passou a procissão fúnebre de Soleimani, este sábado, no dia seguinte o Parlamento iraquiano votou por 170-0 a expulsão dos militares norte-americanos do país. A decisão terá de ser ratificada pelo primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdul Mahdi, mas este já indicou que o irá fazer.
“É muito difícil ver como é que qualquer força política no Iraque pode defender a presença dos EUA neste momento”, notou Heiko Wimmen, diretor do Crisis Group para a região, em declarações à DW. Algo que sentido pelos 158 deputados iraquianos que não compareceram na votação, sobretudo sunitas e curdos, enquanto os líderes xiitas faziam uma rara demonstração de unidade. Oficialmente, as forças norte-americanas estão no país a convite do Governo iraquiano – está por saber se Washington acatará a expulsão.
Fica mais complicada a situação do resto do contingente da NATO no país, dedicado ao combate ao Estado Islâmico – foram canceladas todas as missões de treino. Entre os efetivos no terreno estão 31 militares portugueses, que dão instrução às forças armadas e de segurança iraquianas, a partir da base militar de Besmayah, a cerca de 40 quilómetros da capital.
Durante o fim-de-semana foram disparados morteiros para a Zona Verde – o enclave fortificado onde fica a embaixada norte-americana em Bagdade – e mísseis Katyusha contra a base aérea de Balad, sem perdas de vidas, segundo as autoridades. Os militares portugueses estão longe destas áreas, estão bem e tranquilos, assegurou o ministério da Defesa português no domingo. Enquanto isso, tanto o Governo como o Presidente mostravam preocupação com a situação e apelavam à contenção.