Síria. Forças de Assad e Erdogan confrontam-se em Idlib

Após a retaliação turca pela morte de cinco dos seus soldados, a vida dos civis de Idlib, alvo de mais de 200 ataques aéreos nos útlimos dias, arrisca piorar ainda mais.

Após pelo menos cinco soldados turcos serem mortos e outros sete feridos na região de Idlib, no noroeste da Síria, em bombardeamentos do Governo sírio de Bashar al-Assad, a Turquia retaliou atingindo 46 alvos ligados a Assad, com fogo de artilharia e caças, esta segunda-feira, declarou o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. “30-35 sírios do outro lado foram neutralizados”, garantiu Erdogan aos jornalistas – um eufemismo para mortos. “Aqueles que testarem a determinação da Turquia com tais ataques infames irão compreender o seu erro”, prometeu.

Já as forças armadas russas, que são aliadas de Assad e controlam o espaço aéreo de Idlib, garantem que nenhuma aeronave turca entrou na área, segundo a Al Jazira. Não houve “nenhum ferimento ou danos”, escreveu a agência estatal síria Sana, mas o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que monitoriza o conflito, registou fogo de artilharia da Turquia em três regiões do país, matando pelo menos 13 soldados sírios.

O incidente ocorreu um dia após um largo contingente turco entrar em Idlib, incluindo dezenas de tanques e um camião-cisterna com combustível. Segundo Moscovo, as tropas turcas foram bombardeadas quando avançaram durante a noite, sem avisar, perto da cidade de Saraqeb, que Damasco tenta conquistar – algo negado por Ancara.

Recorde-se que Idlib é o último bastião dos opositores de Assad, apoiados pela Turquia. A região, alvo das forças sírias e russas nos últimos meses, é controlada maioritariamente pelo Hayat Tahrir al-Sham, uma antiga filial da Al-Qaeda – houve mais de 200 ataques aéreos desde sexta-feira, segundo o enviado especial dos Estados Unidos à região, James Jeffrey.

Como seria de esperar, a vida dos civis apanhados no meio tornou-se um inferno – mais de 390 mil fugiram desde dezembro, segundo a ONU. “Não é só os bombardeamentos. É o frio, os preços elevados”, contou uma professora de Idlib à BBC. “E se passa um dia sem ouvirmos quaisquer mísseis ou aviões, temos medo que preparem algo maior que isto”