De acordo com a acusação da Unidade de Delinquência Económica e Fiscal de Espanha, António Vitorino, antigo ministro da Presidência e da Defesa de António Guterres, terá recebido 325 200 euros do ex-embaixador de Espanha na Venezuela, Raúl Morodo, e do seu filho Alejo Morodo. Em causa está um caso de corrupção e branqueamento de capitais referente à PDVSA, uma petrolífera estatal venezuelana.
A informação foi avançada pelo jornal espanhol OkDiario, que teve acesso à acusação feita pela Unidade de Delinquência Económica e Fiscal de Espanha. Raúl Morodo e o filho terão feito pagamentos, entre 2012 e 2016, à Ebau Consultores Lda. – empresa de consultoria que tem como administradores António Vitorino e a sua mulher. Durante este período foram feitos três pagamentos da Morodo Abogados y Asociados SL – empresa detida por Raúl Morodo e por Alejo Morodo – referentes a “serviços profissionais de consultoria em relações internacionais e assuntos europeus”, conforme citado pelo jornal espanhol. Em anos anteriores, em 2011 e 2012, foram feitos outros dois pagamentos à Ebau Consultores Lda., desta vez pela Aequitas Abogados e Consultores SL – empresa também detida por Alejo Morodo.
Os relatórios da Unidade de Delinquência Económica e Fiscal de Espanha referem ainda que os pagamentos poderão estar relacionados com um acordo assinado entre Sócrates e Chávez em que a Galp se comprometeu a construir quatro parques eólicos na Venezuela.
Segundo a justiça espanhola, a sociedade de António Vitorino e da sua mulher terá facilitado a circulação de mais de 35 milhões de euros – dinheiro este que terá sido levado para Espanha através de contas bancárias na Suíça e no Panamá.
Em janeiro, o antigo ministro negou qualquer envolvimento no caso. “É absolutamente falso qualquer envolvimento com empresas venezuelanas, incluindo a PDVSA, ou que me tenha apropriado de 35 milhões de euros”, disse António Vitorino ao Correio da Manhã.
A propósito deste caso, Alejo Morodo, marido de Catarina Dias Loureiro, filha do antigo ministro Manuel Dias Loureiro, foi detido em maio do ano passado por suspeita de branqueamento de quatro milhões de euros.