Restrições podem atrasar expansão

Restrições no 5G e guerra comercial entre EUA e China têm prejudicado a imagem da Huawei. Mas as estratégias usadas pela marca chinesa podem evitar o colapso, garantem analistas.

Bruxelas foi clara e aconselhou os Estados-Membros da União Europeia a aplicarem «restrições relevantes» aos fornecedores considerados «de alto risco» nas redes móveis de quinta geração, o chamado 5G.  

Apesar de já não fazer parte da União Europeia, o Reino Unido já seguiu o exemplo das restrições e a medida pode trazer consequências se começar a ser implementada por outros países. «Se Portugal e outros operadores noutros países seguirem este exemplo, um dos efeitos será o atraso na expansão do 5G», garante André Pires, analista da XTB ao SOL.

No Reino Unido foi definido um limite máximo de 35 peças de fabricantes de alto risco, como é o caso da Huawei que, em conjunto com a Nokia e a Ericsson, é uma das principais fornecedoras de 5G e as limitações podem trazer alguns problemas. Mas as regras do Reino Unido não se ficam por aqui: a marca não vai poder operar em redes de telecomunicação cujos dados sejam considerados «sensíveis», como por exemplo a segurança britânica.

As medidas britânicas contrariam assim os pedidos do presidente americano Donald Trump, que queria impedir que a marca chinesa operasse 5G no país.

As restrições e dúvidas aumentam a nível global e, nesse sentido «a Huawei perdeu a liderança do mercado dos telemóveis em Portugal e tem perdido terreno para outras operadoras na Europa», explicou ao SOL André Pires. A opinião é partilhada por Francisco Alves, analista da corretora Infinox: «A Huawei sentiu algum abrandamento no consumo, principalmente pelo impedimento de relações comerciais com empresas dos Estados Unidos». Ainda assim, garante o analista, a marca «mantém-se com uma grande quota de mercado».

As perdas da Huawei podem significar boas notícias para a principal concorrente, a Samsung, que «vai ganhando terreno, também influenciada pela emergência da nova tecnologia 5G», explica Francisco Alves. «Sendo líder do mercado de telemóveis, caminha positivamente neste início de ano», garante ainda o analista da Infinox.

Ainda no que diz respeito à Huawei, a guerra comercial da China com os Estados Unidos poder ser mesmo uma das maiores dores de cabeça da marca e pode mesmo afetar o mercado português. «A guerra da Huawei pode influenciar negativamente todo o setor da marca. Apesar de ser entre a China e os EUA, terá um impacto a nível global de operações da empresa», justifica Francisco Alves.

Vodafone quer retirar Huawei

Durante esta semana, a Vodafone anunciou uma medida que pode não ser vista com bons olhos pela Huawei. A operadora anunciou querer remover os equipamentos da marca do núcleo da sua rede no prazo de cinco anos e, para isso, vai investir 200 milhões de euros. A decisão foi tomada depois de o Reino Unido ter anunciado as suas restrições para o 5G. «Uma notícia bastante negativa para a Huawei, pondo em risco muitos clientes afiliados à Vodafone. Afeta também crucialmente a imagem da própria marca», explica o analista da Infinox ao SOL. 

Ainda assim, apesar de todos os problemas que a marca tem de enfrentar, André Pires considera que a Huawei pode conseguir dar a volta por cima: «A Huawei sabe que, neste momento, as dúvidas relativas ao futuro estão a crescer, e tem desenvolvido um conjunto de respostas de forma a esclarecer os seus clientes, em especial, quanto à segurança dos seus dados. Se a sua campanha funcionar, a marca poderá sobreviver a esta nuvem negra».