Rui Rio saiu do Congresso de Viana do Castelo com o partido unido… ou, pelo menos, pacificado. O próximo passo é preparar as autárquicas e as legislativas com a consciência de que o partido não pode ser apanhado desprevenido por uma crise política. Ou seja, o PSD admite eleições antecipadas e está a preparar-se para todos os cenários. «O objetivo do congresso foi traçar um caminho que levasse Rui Rio a primeiro-ministro e o PSD ao Governo. E, portanto, quanto mais cedo melhor, porque neste período de quatro anos tanto podem acontecer legislativas no meio do mandato como no fim. Nós temos de estar preparados para isso, esse é o objetivao», diz ao SOL José Silvano, secretário-geral do PSD.
As negociações do primeiro Orçamento do Estado desta nova legislatura provaram que a ‘geringonça’ está mais frágil e os sociais-democratas preveem que os próximos sejam ainda mais difíceis. Silvano lembra que, ao contrário do que aconteceu em 2015, a esquerda não tem nenhum acordo para governar. «O Governo pode durar os quatro anos, isso é possível, mas este Governo não tem as mesmas condições que teve o anterior porque não tem um casamento de papel passado. Vimos as dificuldades que surgiram no primeiro orçamento e a tendência é agravarem-se nos próximos orçamentos», acrescenta o secretário-geral do PSD.
A estratégia de Rui Rio é posicionar o PSD ao centro e criar pontes com os partidos de direita. David Justino, vice-presidente do partido, defendeu, esta semana, na TSF, que o PSD deve «entender-se e criar pontes com setores à sua direita no sentido de criar uma nova dinâmica». José Silvano também considera que há condições para os dois partidos «caminharem em comum». O secretário-geral do PSD garante que «o PSD tem como objetivo formar um Governo do centro-direita e se o CDS estiver mais à direita e o PSD mais ao centro até pode ajudar a conquistar eleitorado nesse espaço. A única forma de chegar a um governo com maioria absoluta é o PSD e o CDS subirem».
O encontro entre Rui Rio e o novo líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, serviu para abrir a porta ao diálogo a pensar nas coligações para as eleições autárquicas do próximo ano. À saída da reunião, na sede nacional do PSD, o novo líder dos centristas defendeu que «está criada uma ocasião favorável para que CDS e PSD possam iniciar estratégia concertada a pensar nas eleições autárquicas para que se consiga uma maioria de centro direita».
O presidente do PSD disse que «não é difícil ter entendimentos com o CDS» e lembrou que esteve coligado com os centristas durante 12 anos à frente da Câmara do Porto e antes disso e foi presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Economia do Porto «em coligação com a Juventude Centrista».
Rio faz as pazes com o CDS
A relação entre os dois partidos azedou por causa da oposição do CDS sobre o IVA da electrecidade, mas o congresso do PSD serviu para uma reaproximação. «Isso foi há uma semana, entretanto passou muita água pelo rio debaixo da ponte», disse Rui Rio, numa conferência de imprensa conjunta com o presidente dos centristas. No discurso de encerramento do congresso, Rui Rio guardou uma saudação especial para os centristas e lembrou que «o CDS, em diversos momentos, e alguns deles bem difíceis, partilhou com o PSD a governação do país». Os dois partidos vão, a partir de agora, aumentar os contactos a pensar nas eleições autárquicas. As direcções nacionais já deram um sinal de apoio às estruturas locais que quiserem fazer coligações.
O tiro de partida para as autárquicas será dado ainda antes do Verão. OPSD anunciou, esta semana, após a primeira reunião da nova comissão política, a realização de «um grande encontro nacional de autarcas do PSD». David Justino explicou que «todos os autarcas eleitos, militantes e independentes, vão ser convidados».
Joaquim Sarmento promovido
OPSD anunciou que a comissão política aprovou por unanimidade a nomeação de Joaquim Sarmento, actual porta-voz para a área das Finanças, para presidente do Conselho Estratégico Nacional (CEN), substituindo no cargo David Justino. A intenção é reforçar o envolvimento da sociedade civil.
Rui Rio optou por não fazer grandes alterações no seu núcleo duro. André Coelho Lima e Isaura Morais – que substituem José Manuel Bolieiro e Elina Fraga – são as caras novas entre os vice-presidentes. Continuam Salvador Malheiro, David Justino, Morais Sarmento e Isabel Meireles.
Uma das novidades foi a entrada de Joaquim Sarmento para a Comissão Política Nacional. Sarmento, que na campanha eleitoral ficou conhecido como ‘o Centeno de Rui Rio’, é uma das apostas do presidente do PSD. Luís Maurício, Paula Calado, Paula Cardoso, Fátima Ramos e Ricardo Morgado também entraram para a comissão política. António Carvalho Martins, Maló de Abreu, António Topa e Manuel Teixeira.tansitam da anterior direcção.
Menos deputados e limitação de mandatos
Rui Rio encerrou o congresso do partido a pedir consensos para mudar a Justiça e o sistema político. O presidente do PSD defendeu a redução «moderada» do número de deputados e a limitação de mandatos. Para Rui Rio, é necessário avançar com «uma reforma que devolva transparência, verdade e eficácia ao nosso sistema político». Rui Rio alertou ainda que «a Justiça carece de uma reforma que tarda há já muitos anos». O líder do PSD criticou o Governo socialista por «adiar reformas» e varrer os problemas para debaixo do tapete. «Um Governo que não reforma e que se limita a gerir a conjuntura, é um Governo que não está a preparar o futuro de Portugal», disse Rui Rio no encerramento do Congresso de Viana.