O Novo Banco registou um prejuízo de 1.058,8 milhões de euros no ano passado, ainda assim, representa uma melhoria de 25% face ao resultado negativo de 1.412 milhões de euros registados no ano anterior. A penalizar as contas estiveram perdas de 1.236,4 milhões de euros com o legado do BES, enquanto a parte boa do banco (atividade recorrente) obteve um ganho de 177,6 milhões de euros.
Uma situação que levou o CEO da instituição financeira a garantir que está a ser ‘dada a volta’. «Ontem falávamos do Cabo das Tormentas, podemos dizer agora que demos a volta ao Cabo da Boa Esperança», afirmou António Ramalho, durante a apresentação de resultados.
Face a este resultado, o banco vai pedir ao Fundo de Resolução, que detém 25% da instituição, mais 1.037 milhões de euros, no âmbito do mecanismo de capital contingente acordado em 2017 (ver caixa em baixo).
Feitas as contas, desde agosto de 2014, quando foi criado para ficar com parte da atividade bancária do BES, o Novo Banco já acumula prejuízos de 7.036,3 milhões de euros.
No ano passado, a instituição financeira «registou perdas relacionadas com o processo de restruturação e desalavancagem de ativos não produtivos, designadamente os projetos Sertorius, Albatros e NATA II, e o processo de venda da GNB Vida».
O produto bancário comercial ascendeu a 864,1 milhões de euros, o que representa um aumento de 12,5% em termos homólogos, «influenciado pelo crescimento na margem financeira (+19%) bem como nos serviços a clientes (+3,1%)».
As comissões bancárias subiram 3,3% com o banco liderado por António Ramalho a revelar que «as comissões relacionadas com meios de pagamento, empréstimos e garantias mantiveram-se relativamente estáveis apesar da pressão imposta pelo forte contexto concorrencial que tem caracterizado a atividade bancária»
Na atividade recorrente, o volume de crédito cresceu 5,6%, registando-se aumentos nas carteiras de particulares e empresas, enquanto os recursos totais de clientes totalizaram 34,4 mil milhões, o que representa uma subida de 0,8% no valor em análise.
No ano passado, assistiu-se ainda a uma redução de 1,8% nos custos operativos, situando-se nos 478,5 milhões de euros, «reflexo da simplificação de processos e da otimização de estruturas».
O rácio de malparado caiu para metade: estava em 22,4% em 2018 e baixou para 11,8% no final do ano passado. Este valor representa uma redução de 3,3 mil milhões de euros.
Cortes na estrutura
O Novo Banco fechou 2019 com menos 227 trabalhadores e 15 balcões face a 2018. O banco liderado por António Ramalho reduziu o número de trabalhadores de 5.096 em 2018 para 4.869.
Em termos de balcões, o banco que sucedeu ao Banco Espírito Santo (BES) passou de 402 no final de 2018 para 387 em 2019.
No total, os custos com pessoal do Novo Banco somaram 265,4 milhões de euros, uma redução de 0,3% em termos homólogos. «Os gastos gerais administrativos atingiram 179,5 milhões de euros, representativos de um decréscimo homólogo de 9,8%. Esta redução reflete os impactos da política de racionalização e otimização em curso», revela o Novo Banco.
Quanto ao travão das comissões (ver texto ao lado), António Ramalho defende que os serviços «têm de ser pagos para serem bem prestados». E, no seu entender, quando passam a ser gratuitos «tendem a não ser prestados ou a ser prestados com má qualidade», rematou.